Em conferência de imprensa, a meio da reunião do Conselho de Ministros, Marques Guedes assinalou a importância dos portos nacionais na atual situação económica do país, apelou ao bom senso de todas as partes envolvidas e afirmou que o Governo espera que se encontrem soluções por via do diálogo.
"Falar-se em requisição civil nesta fase, do meu ponto de vista, é estar a falar de uma bomba atómica que não se coloca e espero que não se venha a colocar, para bem da normalidade do funcionamento dos portos nacionais", declarou Marques Guedes aos jornalistas.
Segundo o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, "as requisições civis são soluções de última instância apenas". Marques Guedes disse esperar que os "direitos que são legítimos das partes envolvidas, nomeadamente dos trabalhadores", sejam exercidos "sempre cumprindo a lei" e que haja "sensatez e bom senso de todas as partes".
O secretário de Estado da Presidência referiu que "é através dos portos que grande parte da riqueza das exportações é escoada" e considerou que, "na atual situação dificílima da economia nacional, tem uma relevância acrescida a existência de uma situação de normalidade no funcionamento dos portos nacionais".
"É nisso que o Governo está empenhado. O Governo tem estado aberto ao diálogo com todas as partes envolvidas para encontrar soluções que vão ao encontro do interesse nacional que está aqui em presença", acrescentou. O sindicato dos trabalhadores portuários admitiu hoje que a greve nos portos se pode prolongar para lá de outubro e lamentou que as associações empresariais peçam requisições civis em vez de apelarem "ao consenso e ao diálogo"."As organizações poderão sempre dizer aquilo que entenderem. Eu defenderia muito mais que apelassem ao consenso e ao diálogo do que às requisições civis. Sinceramente, não percebo. O porto de Lisboa não está completamente parado, estão a laborar a um turno e há portos a trabalhar na força máxima", disse à agência Vítor Dias ( Presidente do Sindicato dos estivadores, centro e sul de portugal). Afirmando que não percebe "como é que se pode evocar a requisição civil numa situação destas", Vítor Dias frisou:
"Se as associações empresariais entendem que é por via da força que estas situações se resolvem, é a opinião deles".O Diário Económico noticiou hoje que a Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) se preparam para pedir ao Governo que avance com uma requisição civil que bloqueie a paralisação no Porto de Lisboa, devido aos efeitos que está a ter no transporte de produtos transacionáveis, inclusive a deslocação da mercadoria para outros portos nacionais e estrangeiros.Contactado pela agência Lusa, o Ministério da Economia e do Emprego disse que, de momento, não faz comentários sobre a possibilidade de interpor uma requisição civil nos portos.
Vítor Dias garantiu, porém, que os trabalhadores vão manter a luta, nos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, "enquanto houver capacidade para lutar", deixando em aberto a possibilidade de a paralisação se estender para lá do limite do último pré-aviso de greve entregue, para o período entre 23 e 31 de outubro, de forma parcial entre as 00:00 e as 17:00.
Diário Digital com Lusa
Pode ouvir aqui a reportagem clicando Aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário