Engenheiro de formação, Eduardo Pimentel é parte do grupo Mota Engil há 20 anos e CEO da Tertir desde 2007, data da aquisição. Em entrevista à LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE, apresentou um balanço otimista da área de logística do grupo: os resultados são positivos e as perspetivas de crescimento. E deixou claro que a gestão das infraestruturas logísticas, nomeadamente os terminais portuários, são o foco do grupo na logística, a par do projeto ferroviário.
LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE - Que balanço faz da evolução da Tertir desde que pertence ao grupo Mota Engil?
Eduardo Pimentel – Como grupo trouxemos à logística, à atividade portuária e à ferrovia uma capacidade de investimento diferente da que existia, assim como algum know how de gestão e capacidade de internacionalização. A nossa estratégia de internacionalização passa por criar sinergias entre as diferentes atividades. O grupo Mota Engil está presente em 19 países, em três continentes, e temos vindo a aproveitar o know how residente nas pessoas da Tertir e tentar desenvolver projetos nos países onde já tínhamos presença, nomeadamente na área da construção civil.
Nestes cinco anos, quais elege como os pontos altos da Tertir, o lançamento da Takargo?
O lançamento da Takargo foi seguramente um marco importante. Foi o primeiro operador ferroviário de mercadorias privado português, e único até hoje, e portanto foi um momento importante na logística, que abriu um cenário diferente no transporte de mercadorias. Outro momento importante foi termos conseguido uma concessão no porto de Paita, o segundo maior do Peru, num investimento de 150 milhões de dólares, financiado localmente. Outro ainda foi a concessão do Ferrol, na Galiza. Desde 2007 fizemos um grande investimento, por exemplo no terminal de granéis agroalimentares em Aveiro, em que temos muito orgulho, e que eu arrisco dizer que é o melhor terminal de granéis agroalimentares da Península Ibérica.
Também o projeto da Liscont é muito importante para a cidade de Lisboa, que na minha opinião precisa de continuar a desenvolver a atividade portuária, o que passa por acompanhar a evolução dos armadores e de toda a indústria. Nós demos um passo significativo nesse sentido. Infelizmente, devido a várias vicissitudes, o projeto ainda está em discussão e aguardamos uma decisão por parte do Tribunal Constitucional. De qualquer forma, independentemente de conseguirmos ou não avançar com o projeto, mantém-se a sua importância, pois veio alertar para a necessidade de Lisboa continuar a crescer a nível portuário. Todas as cidades europeias que têm condições para tal o fazem, seria quase ridículo que Lisboa não o fizesse também. A atividade da Tertir tem corrido bem, os portos continuam com um crescimento de carga significativo, é quase um oásis na situação económica do país. De certa forma, também temos contribuído para isso, pois o bom serviço que prestamos aos clientes ajuda a que eles se mantenham e queiram operar nos nossos portos.
A Mota Engil está presente em 19 países, a Tertir está hoje presente no Peru e na Galiza. O que levou à aposta nestes países?
Em termos portuários estamos presentes nesses dois países mas noutras atividades, como a transitária, estamos em mais. Através da Transitex, por exemplo, estamos no Brasil, Colômbia, México, Peru, Angola, África do Sul e Moçambique (Maputo e Beira). Em Maputo temos ainda a concessão de uma pequena plataforma logística, a STM - Sociedade de Terminais de Moçambique, em parceria com o Caminho-de-ferro de Moçambique.
A Mota Engil já tem presença no Peru há muitos anos. Quando em 2009 apareceu este concurso no Peru, aproveitámos a oportunidade, juntando-nos a um sócio local, com experiência na área portuária, a Cosmos. Atualmente movimentamos 150 mil TEU por ano e temos em execução a construção de um novo cais, que nos permitirá expandir a atividade daqui a dois anos.
No caso da Galiza, considerámos que a concessão do Ferrol seria uma oportunidade de expansão para o TCL – Terminal de Contentores de Leixões, potenciando a sua excelente equipa, know how e capacidade financeira. O terminal tem condições naturais excecionais, um cais excelente e 20 metros de calado. Em 2011 ganhámos o concurso e agora estamos a desenvolver o projeto, que irá arrancar até ao final do próximo ano. Neste momento, o terminal é um green field e sabemos que temos de quebrar a barreira inicial de não existir carga por não existirem armadores e vice-versa. Hoje existe a infraestrutura, da Autoridade Portuária, e até agora montámos os financiamentos, adquirimos os equipamentos e montámos os projetos. Falta fazer a pavimentação do cais, montar os equipamentos e começar a operar.
A Tertir tem quatro áreas de negócio: terminais portuários, transporte ferroviário, com a Takargo, atividade transitária / agenciamento e plataformas logísticas. Qual é o peso de cada uma?
Na atividade logística o nosso fito último é estarmos na gestão de infraestruturas logísticas, pois é o que sabemos fazer. Esta é a atividade com maior peso na Tertir, cerca de 60%. Segue-se a área transitária, que representa cerca de 30% das receitas. Por sua vez, o transporte ferroviário representa 10% e a atividade de plataformas logísticas é ainda muito reduzida, pois a LOGZ ainda não arrancou e temos apenas uma pequena plataforma logística em funcionamento, em Maputo, mas é um negócio muito pequeno.
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