25 de julho de 2012

Comunidade Portuária chama Governo à razão


 A Comunidade Portuária de Aveiro (CPA) lançou “apelo” ao Governo para acolher “contributos” alternativos à centralização anunciada da gestão dos portos nacionais. A alegada falta de discussão da proposta que o Ministério da Economia tem em cima da mesa, desde há vários meses, sem se conhecer para quando e qual o desfecho, motivou críticas . Nuno Pires, da direção da CPA, foi um dos porta-voz dos descontentamento no sector portuário. “Percebam a estranheza, desconfiança e insegurança quando se veicula a possibilidade de mudança tão radical, de uma perda de autonomia tão significativa e centralização tão desnecessária quanto inoportuna da sua gestão”, disse. Queixas ouvidas esta quarta-feira na primeira parte do debate sobre “O papel dos portos de Aveiro e Figueira da Foz no desenvolvimento regional e no reforço da competitividade do Centro” que terá conclusão, em Setembro, na cidade figueirense. A CPA estranha que, nesta altura, os agentes ligados ao sector ainda não tenham sido ouvidos. “Precisamos que nos elucidem, transmitam claramente como o nosso plano estratégico [do Porto de Aveiro] pode ser melhorado, valorizado pelas alterações que propõem, perceber as vantagens competitivas que passamos a dispor com as soluções a aplicar”, exigiu Nuno Pires. Os agentes portuários de Aveiro criticam que “alteração tão profunda” esteja a ser levada a cabo “à revelia” dos mais diretamente envolvidos, “alertando para aventuras políticas com ou sem pretexto troikiano que ameaçam o exemplar funcionamento dos portos e competividade das empresas”.
Os pedidos para chegar à fala com os responsáveis da tutela esbarram em portas fechadas. “É inadmissível”, indignou-se o presidente da CPA considerando importante o Governo ouvir contributos e não “bloquear” uma solução de consenso, evitando “um erro histórico”. “Ainda há tempo, mas é o momento”, declarou. Os governantes convidados pela organização não tiveram vaga na agenda ou entenderam politicamente ser o momento de tomar parte num debate sobre as mudanças portuárias. Mas Ribau Esteves, presidente da Região de Aveiro, comprometeu-se a enviar as conclusões, com alertas e recomendações. O autarca de Ílhavo advogou para Portugal o caminho percorrido em países desenvolvidos, “que têm níveis de descentralização muito fortes”.
“Centralizar a gestão pública é sempre um erro; opção de ditaduras ou Estados fracos. Ainda não resolvemos o problema de termos um Estado fraco”, lamentou o edil. Para Ribau Esteves, é preciso aprofundar uma estratégia de eficiência na região centro, entre público e privado,  que permita a “rentabilização de infra-estruturas, nomeadamente nas plataformas logísticas portuárias e rodoviários”. Na sua perspetiva, “a proximidade é um elemento central de competividade”, impondo-se “uma interação maior dos modos de transporte ferroviário, rodoviário e portuário”. “Um novo modelo, quando o atual tem seis anos ?”. Se centralizar é para mais cooperação, não é preciso uma holding, é presico que os portos continuem a competir entre eles e o chapéu retira isso. Centralismo sempre deu maus resultados. Seja Lisboa ou Leixões. É uma especialização artificial. Devemos Deixar às empresas o direito de escolha, isso é que dá competividade aos portos, uma forte estrutura local para dar resposta às suas necessidades. A perda de autonomia vai ser um problema, o dia-a-dia não se compadece com decisões lentas. Temos sérias duvidas que hajam cortes de despesas, vão ser transferidas para uma estrutura central.

Nada invalida que sejam criados serviços partilhados, mas a gestão tem de ser local

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