Na sua edição de 29/12/2011, e para comemorar o seu 147º
aniversário, destaca o “DN” - Diário de
Notícias o que de mais importante e decisivo se passou no ano 2011. Um
valioso trabalho que contou com a colaboração do economista e conselheiro de
Estado Vitor Bento, que assina o Editorial. Também se inscreveu nesta colaboração
Mestre Nadir Afonso, que ilustrou a primeira página, interpretando o célebre
mito sobre “O Rapto de Europa”.
Nas páginas 12 e 13 do DN, a que me refiro, realço o
trabalho assinado pelo jornalista Nuno Aguiar, que nos coloca a interrogação se
será 2012 o ano da cisão do euro para, depois, traçar o cenário do eventual fim
da moeda única e suas possíveis consequências:
«Num só ano, a possibilidade de dissolução da Zona Euro
deixou de ser uma piada de jornais e políticos britânicos para se tornar um
cenário real. Enquanto a Comissão Europeia estuda estratégias para lidar com a
saída de países da moeda única, multinacionais desenham planos de contingência
para o fim do euro. Passados vinte meses de ter explodido a crise da dívida
europeia, a Europa e cada um dos seus Estados membros continuam perante a mesma
encruzilhada: avançar para uma maior convergência ou aceitar a cisão.
Em dez anos de circulação do euro, países com economias mais
frágeis como Portugal, conseguiram beneficiar de taxas de juros mais baixas,
permitindo um endividamento mais barato, ao mesmo tempo que a inflação
permanecia controlada. No entanto, outras expectativas foram desfraldadas.
Nomeadamente a aproximação ao nível de vida do centro. Cada vez mais presa na
periferia, desde a adesão ao euro, a economia portuguesa cresceu uma média
anémica de 0,3% (contando com uma recessão de 1,6% em 2011). Na prática,
estagnou durante dez anos.
Ficar ou não no euro. A questão é, exactamente, se Portugal
continua a beneficiar por pertencer à Zona Euro. Vários economistas, como João
Ferreira do Amaral, defendem uma saída de Portugal da moeda única. O argumento
é simples: o regresso a uma moeda própria permitiria desvalorizá-la, o que
aumentaria as exportações, ganhando competitividade. O Governo está a aplicar uma
fórmula para ganhar competitividade, que passa por gerar desemprego, aumentar o
horário de trabalho e flexibilizar a legislação laboral, conseguindo assim
baixar o nível geral dos salários (o sublinhado é meu), explicava o
economista ao DN, no caderno “Dinheiro Vivo”, em Outubro passado. Para Ferreira
do Amaral, esta estratégia tem efeitos nocivos na criação de riqueza e não dá
tempo a Portugal para resolver os seus problemas estruturais e aumentar o ritmo
de crescimento económico.
O que significaria para Portugal o fim do euro? Segundo o
Nomura, a moeda que venha a ser adoptada sofreria uma desvalorização de perto
de 50%. Nesse mesmo cenário, o Banco ING prevê que a economia portuguesa sofra
a maior quebra do PIB da Zona Euro (9%), com a inflação a disparar mais de 10%
até 2014 e o preço das casas a cair 25%.»
Na grande entrevista dada hoje (29/12/2011) pelo Dr. Mário
Soares ao DN, destaco a narração do episódio por ele descrito. Contou que nos
anos 70, quando, no exílio, foi encontrar-se em Roma com o então patriarca de
Lisboa, D. António Ribeiro, a pedido deste, tendo afirmado nesta entrevista que
não fez nenhuma «aliança» com aquele pontífice, mas sim um acordo objectivo num
momento difícil. Relatou ainda que aquela figura da Igreja era seguida pela
PIDE. Quando, muito mais tarde, o Dr. Mário Soares quis oferecer o seu livro
«Portugal Amordaçado” a D. António, o mesmo foi interceptado pela PIDE que o
fotocopiou antes de chegar ao seu destino…
Depois desta história, que vos deixo para apreciação, busco,
ainda, na mesma entrevista, afirmações para mim preocupantes e reveladoras da aura
dos nossos políticos iluminados, que por lhes ser imputado o dom da verdade,
despejam em saco roto, aquilo que o «Zé da esquina» já aprendeu noutros
catecismos. Refiro-me à análise que o Dr. Mário Soares faz dos líderes europeus
e da comunicação social. Para mim não é importante saber qual foi o orçamento
da Fundação que pertence ao Dr. Mário Soares, mas interrogo-me se as migalhas
equivalentes a 0,5% do Orçamento Geral do Estado distribuídas em 2012 à
Secretaria de Estado da Cultura serão adequadas às necessidades do nosso país
cultural
Não encontro razões para esta entrevista de fundo ser
incluída nesta edição especial do DN. Sendo esta edição extremamente rica em
estudo, estatísticas e reflexões, seria bom focalizar o leitor na informação e
no conhecimento e deixá-lo tirar as suas próprias conclusões, porque pode ser
interessante cada um de nós escolher o seu santo e o seu líder, mas antes
usarmos esta rica edição do DN para tentarmos perceber a política que nos
rodeia e que nos toca; ela marcará o nosso futuro e da sociedade anónima, pobre
e desprotegida a que pertenço.
As dúvidas, as incertezas e o nosso sacrifício continuarão a
fazer parte do nosso quotidiano, talvez com maior intensidade, o que nos obriga
a estarmos mais despertos e mais coesos. Os ensinamentos são vastos e suficientes,
basta sermos coerentes e aceitarmos as vicissitudes como oportunidades de
aprender e saber valorizar. Que a chegada de 2012 seja para todos nós e para os
nossos queridos familiares um horizonte radioso, onde possamos ver a nossa
estrela, a da sorte e da fortuna, a da saúde e da vontade de vencer, a da
paixão e do amor na amizade, para um dia mais tarde, depois da tempestade,
podermos ancorar os nossos sonhos e sorrir.
Agradeço o apoio e a compreensão de todos. Se magoei alguém,
foi involuntário e por isso aqui me rendo na luz da amizade.
CS do 44 +100
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