Partilho a ideia de boas práticas políticas que defendam o
colectivo, seja uma Assembleia-Geral de
trabalhadores, uma reunião de condóminos ou um bairro de gente que sobrevive à exclusão social. Para travar
este mal social, e a implantada precariedade e o totalitarismo no mundo laboral,
exortamos o interesse público; e, de acordo com a necessidade e a urgência de
intervir, procuramos dar às soluções a mesma dimensão e amplitude dos problemas
encontrados.
Pessoalmente, tenho concluído que não é fácil pensar no
colectivo por este, de uma forma paradoxal, se tornar numa ideia abstracta. Eu
explico: nós não vemos nenhum colectivo, em parte alguma, estático e
permanente. Chamamos multidão a um grupo de indivíduos. Quando um grupo faz
desacatos contra a ordem pública, é chamada a polícia para intervir e repor a
ordem pública e, por vezes, são presos alguns indivíduos. Mas nunca ninguém
prendeu a multidão.
Aqueles que produzem as leis afirmam também que estão a
defender o bem-comum e o colectivo. Por isso temos boas leis e, aquelas que
foram elaboradas especificamente para o sector portuário, provaram no tempo, a
sua boa empregabilidade, a dinâmica e a capacidade estruturante, bem como uma
justa e progressiva gerência de políticas a jusante e a montante. Estou a
lembrar-me da Convenção nº 137 da OIT, ratificada pelo Governo Português pelo
Decreto nº 56/80, de 1 de Agosto, dos Decretos-Lei nºs 145/A-78, de 17 de
Junho, 282-A/84 de 20 de Agosto e o 280/93 de 13 de Agosto, o Decreto
Regulamentar nº 2/94, de 28 de Janeiro, só para citar os principais.
A Convenção nº 137 da OIT é para os trabalhadores portuários
um “monumento” que tem um carácter de património mundial, e bem poderíamos nós
portuários, assinar uma petição pública, entregá-la em cada Junta de Freguesia,
solicitando a nomeação de uma rua com este nome: «CONVENÇÃO 137 da OIT». E para que não houvesse desculpa de falta
de material, cada um de nós juntar uma moeda de um euro. Isto para dizer que o
“colectivo” constrói-se e tem que ser pensado como um conjunto de condutas e
ações livres, pois só existe vontade colectiva se podermos preservar,
individualmente, a nossa liberdade. O
interesse colectivo não é dirigível, porque sendo verdadeiro, ele possui a sua
dinâmica própria.
Por trás do interesse dito “colectivo” estão os líderes que
elegemos, para, em regime associativo, usarem os instrumentos legais e o senso
comum, que permitem a sua actuação no local de trabalho ou no local onde
vivemos e partilhamos o seu desempenho, decisões, estratégias, etc. É com a
ação e a boa capacidade destes líderes que ganha forma o colectivo. Então, o
indivíduo deixa-se incluir nesse universo e delega a sua representação no homem
ou na mulher, no singular ou no plural, que reponde(m) pelo indivíduo e por
todos. Esta doutrina, quando agregada a seguidores brilhantes, segrega e
regista progressos para o indivíduo. Pela negativa, nascem as dúvidas e as
inquietações.
Por último, e não fugindo ao momento presente, o facto
é que, vivemos o maior drama laboral da nossa vida profissional desde que, na
recente Proposta de Deliberação da Direcção da ETP/Aveiro, de 06/12/2011, acolhida
e aprovada por maioria de 2/3, contra um voto vencido, é proposto avançar para
o Tribunal competente o pedido de Declaração de Insolvência para a ETP/Aveiro. Neste momento já é conhecido o gestor para esse
processo de insolvência, face ao qual não podemos baixar a guarda. No dia-a-dia
aumenta a tensão e o nervosismo entre as pessoas e cresce a espiral negativa.
Não me parece seguro haver paz e tranquilidade à volta desta tamanha
afirmação:”Não paga e não pode pagar”. No entanto, mais do que nunca, é
imperioso agirmos com inteligência, serenidade e objectividade.
CS do 44+Cem.
1 comentário:
Como sabes, muitas vezes em conversas de amigos que somos, entramos em desacordo numa ou noutra maneira de ver determinadas situações. Mas neste caso tens o meu apoio, pois também acho que temos de confiar em quem nos representa e agir com a máxima inteligência.É de facto um drama o que nos esta a acontecer, embora ache, que ainda temos colegas que não se aperceberam disso.
Abraço
orlando Miguel08
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