Caros Colegas,
Depois de uma vida ou quase, totalmente dedicada ao sector
portuário e em concreto ao Porto de Aveiro, sacrificando não poucas vezes, a
minha vida pessoal e familiar, perdida a oportunidade de ver crescer os meus
próprios filhos, de acompanhar os meus amigos nas mais diversas ocasiões,
sempre com o intuito, não só de melhorar a minha condição financeira e com isso
a minha própria vida, mas, também disponibilizando o meu saber e trabalho, na
senda do crescimento do próprio Porto e da empresa com a qual colaborei entre
os dias 1 de Janeiro de 1991 e 9 de Novembro de 2009. Dessa só restará, para a
história o nome, VOUGAMAR – Operadores Portuários, SA.
Faço parte de um grupo de cinco pessoas, que ficarão para
sempre como os primeiros trabalhadores portuários desempregados em Portugal, de
facto a insolvência da empresa VOUGAMAR, marcou o início de um movimento, que
agora é repetido pela ETP – Aveiro, de pedido de insolvência de empresas
ligadas ao sector portuário.
Para o Porto de Aveiro, sem falsas modéstias, foram cinco
contributos, que porventura com volume e intensidades diferentes, concorreram
para aquilo que ele foi até há alguns anos atrás.
Relembro, para aqueles a quem, porventura a memória já não
ajude, que aos 5 dias do mês de Janeiro de 1995, foi livremente celebrado e
devidamente outorgado, por supostas pessoas de boa-fé, um Protocolo de Acordo,
negociado pela Associação do Trabalho Portuário (ETP) de Aveiro e Sindicato dos
Trabalhadores do Porto de Aveiro (STPA), onde claramente estão regulamentadas
as condições, de cuja aplicação deveria ter resultado a admissão de quatro dos
referidos trabalhadores, aquando da cessação da actividade da insolvente
VOUGAMAR.
Sobre o referido texto, em ocasiões diversas ao longo dos
anos, se pronunciaram os dirigentes do STPA, e fizeram-no sempre num único
sentido, o da aplicação rápida, directa e imediata do referido protocolo e
consequente integração dos trabalhadores.
Ao fim destes mais de dois anos, alguns dos cinco continuam
à espera de uma resposta, firme, objectiva, transparente e clara por parte do
Sindicato que julgamos dever defender os nossos interesses de um modo veemente.
Ao longo deste tempo já muito se especulou, muito foi dito,
por muitos daqueles a quem infantilmente talvez, considerámos como colegas em
outras lutas, com quem estivemos solidários, porventura contrariando até aquilo
que em consciência entendíamos como o mais acertado.
Infelizmente, digo eu, para todos, só no tempo foi
diferente, pois a realidade com que se confrontam hoje este grupo de colegas,
já nós passámos/sentimos, sem que nos tenhamos apercebido que algo se tenha
realizado com vista a contrariar essa situação.
Quero que percebam estas palavras como um grito de revolta,
a juntar aos Vossos, contra uma situação para a qual não contribuímos.
Hoje, com o cenário de insolvência da ETP-Aveiro, a questão
da reintegração está resolvida e ultrapassada por natureza, no entanto, não
queria deixar de referir a falta de coragem, frontalidade, honestidade sindical
e um lamento,… sim um lamento, por não termos podido contar com a solidariedade
do Sindicato, que conhecendo a dura realidade das pessoas, se esqueceu dessa
condição de seres humanos e não defendeu os nossos interesses, não tendo tido a
coragem de responder às nossas perguntas, quando reiteradamente solicitado. Foi
claramente um “empurrar com a barriga” a resposta para um dia que nunca virá.
Afinal, uma suposta intervenção da Fesmarpor na altura, com
aviso de greve incluído, não passou disso mesmo. Faço votos para que agora a
actuação não se repita, e se caminhe num único sentido – o da defesa dos
Trabalhadores Portuários de Portugal.
Acredito que este será um bom Porto, o de Aveiro, no qual não voltarei a
fazer escala, no entanto, não se apagarão nunca da minha memória, não só o
primeiro, como o últimos dias, mas também os outros que nele vivi, os bons e os
maus momentos, as alegrias e as tristezas, os sucessos e os fracassos, os
erros, o sol, a chuva, os colegas e os amigos.
A todos, sem excepção, deixo os meus votos de Feliz Natal.”
Jorge Aires
Sócio STPA nº 166 – 01.07.1989
4 comentários:
Um abraço do antigo colega nº. 146, neste rol somos todos numeros, estao nesto momento a querer fazer aquilo que alguem sempre reclamou, um sindicato unico que isso e que tinha grande força, espero que ja nao venham tarde, tudo isto que esta a acontecer era previsivel. protocolos promessas tudo grandes mentiras, eu sou desse tempo, mamaram o dinheiro de stpa, espero que os cabeças de lisboa (fesmapor) nao levem o resto, nos somos uma minoria, e por conseguinte a abater BOM NATAL A TODOS
Colega Álvaro,
é de bom grado que registamos o teu comentário. Não quero que te esqueças que no teu tempo foste dirigente sindical,e se alguém mamou dinheiro do STPA, eu não devo ter sido com certeza.De resto o sindicato único a nível nacional, nesse aspecto dou-te razão já devia ter sido...mas como diz o ditado, mais vale tarde que nunca.
Abraço
E continua a comentar no nosso blog.
Orlando Miguel08
Jorge,
não esquecendo que foste meu "chefe" muitas vezes nesses tráfegos malucos de conferencia sempre com muitos camiões diários a sair do porto com guias da VOUGAMAR, depois disto tudo
tenho de admitir que no meu entender, e fazendo eu parte do sindicato de Aveiro, não nos termos da direcção, mas sim do conselho fiscal, devo dizer que também achei que se fez pouco no que diz respeito à vossa situação.Não esquecendo no entanto que aquando da greve que fizemos em 2009 este grupo de trabalhadores não esteve connosco.Mesmo assim sublinho o que disse anteriormente, acho que se fez pouco na vossa situação.
Abraço
Orlando Miguel08
Um abraço, para ti Jorge! Li com atenção a tua mensagem, muito bem escrita, e que registamos como um testemunho, da tua experiência e resistência sofrida pelo drama que enfrentaste, juntamente com mais quatro colegas da ex-Vougamar. Festas Felizes para ti e para os teus. Herculano
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