Ao
contrário do que é pressuposto, a renegociação das concessões
portuárias e a redução das rendas pagas pelas concessionárias poderá
não beneficiar a economia local. Pelo menos não no caso dos
contentores, avisa Lopo Feijó, presidente da TCL.
O
Governo propõe-se concluir a renegociação das concessões portuárias
até Julho. Objectivo assumido: reduzir os custos portuários
suportados pelos carregadores e fomentar o crescimento da
actividade.
A
TCL, concessionária do terminal de contentores de Leixões, é quem
mais paga de rendas ao Estado entre as concessionárias portuárias.
No ano passado foram 16,8 milhões de euros, 34% de rendas fixas e
66% de rendas variáveis. Até ao momento, garante Lopo Feijó, o
presidente executivo da empresa, não houve nenhum contacto do Estado
para qualquer renegociação.
O
gestor acredita que, “a haver uma revisão das rendas, ela terá de
ser no sentido da baixa”, mas duvida que isso se vá reflectir na
economia real. “Os clientes dos terminais de contentores são os
armadores. Maioritariamente estrangeiros. E assim se saiba que as
rendas baixaram, eles aí estarão a reclamar a redução dos preços que
pagam”, alerta Lopo Feijó.
Ao
invés, não é de esperar que os armadores baixem os seus preços na
proporção. Até porque os níveis dos fretes estão muito baixos,
lembra.
Do
mesmo modo, não é crível que a simples redução dos preços do
terminal seja bastante para fomentar o crescimento da actividade.
“Os armadores vão aos portos onde há cargas, e onde têm um bom
serviço. Nos contentores, o nível de serviço é mais importante que o
preço”. Ou seja, acrescenta Lopo Feijó, “o importante é a fluidez da
cadeia logística, a produtividade, a redução dos tempos de espera”.
Diferente será a situação quando se fale de carga convencional,
concede o administrador da TCL. “Aí, as taxas aplicadas nos portos
podem fazer a diferença. Porque os clientes dos terminais são os
carregadores, e são eles próprios, as mais das vezes, quem organiza
os transportes e contrata os navios”.
A
redução das rendas das concessões implicará, pelo menos no imediato,
a perda de receitas pelas administrações portuárias. Lopo Feijó
concede que “os portos precisam de receitas para fazer
investimentos. A menos que o Estado assuma esse financiamento” e
garante que, por causa disso, “há casos onde a baixa da TUP Carga,
tão badalada, foi acompanhada pelo aumento da TUP Navio na mesma
proporção”.
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