20 de fevereiro de 2013

MOINHO DE MARÉS EM AVEIRO, UM MONUMENTO RARO

Passeando por Aveiro, sustamos o nosso passo na emblemática Ponte-Praça, fixemo-nos um pouco nas águas da ria, virados para nascente, e deixemos que as memórias de Aveiro venham ter connosco.
Um século depois da recuperação da vila de Aveiro para a coroa (que aconteceu em 1306, por intermédio de El-Rei D. Dinis), a vila estava em franco desenvolvimento. Por essa razão, no dia 8 de Janeiro de 1406, D. João I mandou passar carta de licença ao seu escrivão Álvaro Gonçalves, para fazer em Aveiro moendas de pão «no esteiro do mar que entra polla ponte do dicto logar, acima da dicta ponte, que moese com agoa do mar»- segundo consta num documento da chancelaria de D. João I, em arquivo na Torre do Tombo.
Moenda de pão significaria a farinha produzida da moagem de uma determinada quantidade de cereal.
Nasceu assim, a 8 de Janeiro de 1406, uma forma de moinho pouco comum- o moinho de marés, que tal como o nome o faz entender, utilizava a energia das marés como força motriz das mós.
Este moinho de marés, ou o que resta dele, é um dos monumentos mais antigos de Aveiro.
Com o assoreamento da barra de Aveiro, ocorrido na segunda metade do séc. XVI, as marés deixaram de conseguir penetrar na ria, o que originou que o moinho de marés deixasse de poder trabalhar, pelo que entrou em ruína, tendo, no entanto, as entradas das suas azenhas conseguido resistir á passagem do tempo.
O moinho de marés, construído há 607 anos, é um monumento que os aveirenses vêem todos os dias, pois trata-se do conjunto de arcos mergulhado na ria, que sustenta o edifício da velha Capitania do Porto de Aveiro.
Na verdade, quanta história humana se esconde no silêncio das pedras!
Agora, que da Ponte Praça estivemos a observar 607 anos de história, podemos continuar o nosso caminho, num Domingo do início do séc. XXI, com a certeza de que para trás de nós existe uma longa e velha tradição.

Sem comentários: