BRASÍLIA, 14 Fev (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff vai se
reunir com representantes dos principais sindicatos no início de março
para esclarecer o plano de desenvolvimento do governo para os portos e a
Medida Provisória 595, que vem causando protestos no setor e ameaça de
greve dos trabalhadores caso não tenha pontos alterados no Congresso.
Segundo
os sindicalistas, uma das mudanças previstas na MP --que deve trazer
novas empresas privadas para o setor-- vai fragilizar o atual modelo de
contratação dos trabalhadores.
Uma greve neste momento, em que uma
safra recorde de grãos começa a ser exportada, poderia trazer prejuízos
ao país. E, se houver interrupção nos embarques, os mercados globais de
commodities poderiam ser afetados.
O plano inicial de Dilma era
ouvir os sindicatos como seguimento aos encontros que teve com
empresários em janeiro, mas o agravamento da ameaças de sindicalistas de
que greves seriam realizadas por causa da MP 595 a fizeram colocar o
tema dos portos na pauta, informou à Reuters uma fonte do Planalto, que
falou sob condição de anonimato.
A presidente, segundo a fonte,
está "muito preocupada" com os efeitos da resistência do setor ao plano
de investimentos de 54,2 bilhões de reais até 2017, que segundo o
governo irá garantir uma redução superior a 20 por cento nos preços de
frete no Brasil. O novo modelo foi lançado pelo Planalto em dezembro.
Dilma
escalou a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a preparar o terreno
em uma reunião nesta quinta-feira com sindicalistas, representantes do
setor portuário e o ministro dos Portos, Leônidas Cristino. O encontro
da presidente com o setor está marcado para o dia 6 de março, mesmo dia
em que ocorrerá uma marcha de trabalhadores em Brasília.
QUESTÃO TRABALHISTA
A principal reclamação dos sindicalistas é que a MP fragiliza as relações trabalhistas.
Na
avaliação do Sindicato dos Trabalhadores Portuários de São Paulo
(Sindaport), um dos problemas da MP é que ela vai flexibilizar as
exigências feitas para quem vier a operar dentro das áreas de portos
públicos.
O sindicato afirma que a MP derruba a exigência de
contratação de trabalhadores avulsos (sem vínculos com as empresas) por
meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) --entidade que organiza a
fila de trabalhadores escalados para o trabalho.
O deputado Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse à Reuters
que as greves poderiam se iniciar já nos próximos dias.
"O governo não tem ouvido os trabalhadores", disse ele à Reuters.
A
MP deve tramitar até abril no Congresso, pico da exportação de soja e
auge da colheita. O Brasil deve colher este ano 185 milhões de toneladas
de grãos, segundo o governo.
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