21 de dezembro de 2012

SERODAVITSE

   Não, não é linguagem extraterrestre a pensar no fim do mundo. É apenas a palavra estivadores escrita ao contrário. Depois de ter procurado inspiração para escrever algumas palavras nesta altura tão difícil para nós, não o consegui, não pude praticar a minha esgrima mental com alguém que tem o dom de me pôr a pensar melhor. E por isso pensei bem antes de escrever estas palavras neste fim de ano. Mas como sinto que alguma coisa poderá correr mal, mesmo assim resolvi arriscar. Antes de mais, deixo duas perguntas no ar: será boa ideia fazer greve para que uma lei deixe de ser lei? Por que não recorrer às instâncias legais, mas ir trabalhando?
  As nossas preocupações quotidianas têm sido como água que vai correndo, e a estiva é como uma esponja que as vai sugando sem nunca ser espremida, ficando sempre a pingar. Mergulhados nesta montanha de emoções e nesta nostalgia vamos entendendo mas não queremos acreditar. Devo dizer, que acho estas permanentes queixas do governo em relação aos portuários, simplesmente um jogo sujo que esses senhores gostam de praticar. E após ter falado  pessoalmente, por mera casualidade, com os deputados, Luís Montenegro e Luís Menezes, acabei por achar que os estivadores foram feitos para encaixar em lugar nenhum. Pois estes senhores, não me souberam ou fizeram que não sabiam, responder às perguntas que lhes foram feitas. Desde facturas portuárias, contratos de trabalhadores eventuais, etc...Pareceu-me mais a segunda opção. Depois de ouvir o que os senhores deputados disseram, acho que se tivemos um mau passado podemos ter um pior futuro. E para que o passado não esteja à nossa espera no futuro, não podemos deixar que o nosso porto seja um viveiro de vontades. Não podemos sacrificar a funcionalidade só pelo conforto. Temos de nos adaptar. Em minha opinião, operadores de terminal serão sempre operadores de terminal, e estivadores vão ser sempre estivadores. Acho que não devemos exigir dos outros aquilo que não podemos fazer, esta nossa greve está a ser mais por solidariedade do que por outra coisa.
  Resumindo, escolhemos mal. Pelo menos admitamos isso. A situação em Aveiro, antes de partirmos para a “guerra” era fragilíssima, e agora agravou. Apesar de sempre perguntar (em assembleias e plenários) se não seria melhor associar o “nosso” problema ao panorama nacional, para que pudéssemos sair disto minimizando os riscos, nunca assim foi entendido. Parece-me que ninguém se vai lembrar de nós, nem ninguém, vai querer saber o porquê desta greve e a única coisa que poderá servir de consolo é que um dia, convictos dos nossos gestos, tivemos um sonho. O meu cérebro vai relacionando à velocidade da luz em sucessivas explosões associativas que se vão movendo no entrançado de acontecimentos, e com tanta confusão admito poder  estar errado. No entanto, parece-me que quando estamos quase a ter o que queremos, temos sempre uma condição adicional, e é sempre essa última condição que nos pode fazer perder tudo.
   Fica o desejo de um bom natal para todos, que 2013 seja um ano de sorte para todos nós. E que todos os meus receios, não se venham a verificar.


Cumprimentos 08

1 comentário:

Paparazi Indiscreto disse...

"SERODAVITSE" vs "ESTIVADORES": REPASSANDO O DESABAFO DE UM AMIGO...
http://paparaziindiscreto.blogspot.pt/2012/12/serodavitse-vs-estivadores-repassando-o.html

Abraço e BOAS FESTAS a todos...