Trabalhadores portuários afirmam que tinham capacidade para continuar
com paralisações e que paragem nas greves é para “construir espaço
negocial”.
Os estivadores da Frente Comum decidiram parar as greves nos portos
como “manifestação de boa vontade” e como forma de “construir espaço
negocial” com os parceiros portuários, afirmou nesta quinta-feira ao
PÚBLICO o presidente do Sindicato de Estivadores da Aveiro, Eduardo
Marques.
Este espaço negocial, afirmou o líder do sindicato
afecto à Frente Comum, tem vindo a ser “reclamado por várias entidades,
incluindo o próprio Governo”. Agora, com a supressão das greves, os
trabalhadores pretendem ver se passa a existir margem de negociação no
que toca à entrada em vigor da lei nos portos.
Estas negociações
ficam agora praticamente limitadas aos novos contratos colectivos de
trabalho (CCT), que serão elaborados para cada porto e que podem limitar
alguns aspectos da nova lei do trabalho nos portos.
Já se as
vagas de greve estão encerradas em definitivo Eduardo Marques afirma que
não é possível dizer, até porque reconhece que podem existir diferentes
conclusões das conversas entre estivadores e empresas portuárias que
levem à retoma das paralisações. “Naturalmente que seria bom que essa
figura [greves] pudesse não existir para o bem de todos”, diz o
dirigente sindical.
Com esta nova “mesa negocial”, afirmou Eduardo
Marques, os estivadores pretendem chegar a acordo com os parceiros
portuários para um CCT mais favorável aos trabalhadores, ainda que
existam aspectos da nova lei que não podem ser mudados.
Neste
campo, a luta dos trabalhadores portuários da Frente Comum “mantém-se”,
diz o presidente do Sindicato dos Estivadores de Aveiro. Os estivadores
continuam a afirmar que “a nova lei, assim que estiver aplicada, vai
levar trabalhadores para o desemprego”. Os sindicatos da Frente Comum já
pediram à Presidência da República a requisição de
inconstitucionalidade da nova lei dos portos e mantêm a decisão de
enviar uma queixa à Organização Internacional do Trabalho (OIT) logo que
a nova lei seja publicada em Diário da República.
Ao
PÚBLICO Eduardo Marques rejeitou que os estivadores estejam a
interromper as greves por terem chegado “ao limite” no que toca à
acumulação de prejuízos, ou que estejam a interromper esta forma de luta
porque a nova lei vem permitir que sejam contratados trabalhadores fora
dos actuais quadros, o que limitaria a capacidade de luta dos
estivadores da Frente Comum. “A decisão tem exclusivamente que ver com a
abertura de uma mesa negocial”, afirma o presidente do Sindicato dos
Estivadores de Aveiro, que classifica as outras possibilidades como um
“profundo disparate” e como exemplo de “mais intoxicação” para a imagem
dos trabalhadores.
Depois de quatro meses de paralisações nos
portos de Frente Comum, os estivadores anunciaram nesta quinta-feira que
iriam suspender os pré-avisos de greve que estão lançados até dia 14 de
Janeiro. publico
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