5 de dezembro de 2012

Estivadores pedem declaração de inconstitucionalidade da nova lei e apresentam queixa à OIT

O Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul  anunciou hoje que vai pedir a declaração de inconstitucionalidade do novo  regime do trabalho portuário e vai apresentar uma denúncia junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No final da audição na Comissão de Segurança Social e Trabalho sobre  uma revisão da lei laboral portuária, o dirigente do Sindicato dos Estivadores  do Centro e Sul, Vítor Dias, afirmou que vai pedir a declaração de inconstitucionalidade  do diploma, decorrente da "limitação ao direito da contratação coletiva".
Em declarações aos jornalistas, o porta-voz da Frente Comum, que representa  os estivadores dos portos de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Aveiro,  adiantou que será também apresentada uma denúncia junto à OIT. 
"No nosso entender, (o decreto-lei) viola a convenção 137 da OIT e o  Estado português ratificou essa convenção", explicou.  
Aos deputados, Vítor Dias disse que "o Governo não pode, por via de  uma lei, por em causa o que está estipulado na convenção". 
"Portugal ratificou a convenção e não a denunciou. Portanto, enquanto  não a denunciar, terá que a cumprir. Mas a convenção sobrepõe-se às próprias  leis nacionais", disse o sindicalista, que tem sido o porta-voz do descontentamento  dos estivadores dos portos de Lisboa, Setúbal, Figueira da Foz e Aveiro  contra a proposta de lei, aprovada na generalidade na passada quinta-feira.
Segundo o dirigente sindical, "se for considerada inconstitucional ou  irregular, a lei terá que ser reformulada".
 
Depois da maioria PSD/CDS-PP e o PS terem aprovado o novo regime do  trabalho portuário, na generalidade, na passada quinta-feira, os partidos  têm até quarta-feira, ao meio dia, para apresentarem propostas de alteração  ao diploma. 
"Tenho poucas expectativas que as propostas que irão ser feitas tenham  acolhimento por parte da bancada da maioria", afirmou o sindicalista. 
Na comissão parlamentar, Vítor Dias reclamou da "falta de diálogo do  Governo" durante o processo de preparação do diploma, desafiando o Governo  a dizer "quando é que convidaram o sindicato para discutir a proposta de  lei". 
"Nós não tivemos oportunidade de diálogo como tiveram alguns colegas  nossos que assinaram de cruz", declarou. 
Vítor Dias considerou ainda que não há razão para suspender as greves  que se sucedem, desde setembro, nos portos de Lisboa, Setúbal, Figueira  da Foz e Aveiro, e se deverão prolongar até ao Natal. 
"Vamos reunir com os nossos associados e aquilo que resultar é a posição  que será assumida", disse. 
Mas, na comissão parlamentar, defendeu que "com esta lei, vai haver  conflito laboral nos portos, por muito tempo". 
Já esta manhã, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, manifestou  a sua disponibilidade para apoiar uma queixa na OIT caso esta seja aprovada,  por violação da convenção número 137 relativa ao quadro de efetivos nos  portos. 
Na segunda-feira, o Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul e o Sindicato  dos Trabalhadores do Porto de Aveiro entregaram um novo pré-aviso de greve  que vai prolongar a paralisação em curso até à véspera de Natal. 
O pré-aviso abrange todo o trabalho portuário entre as 08:00 do dia  17 e as 08:00 do dia 24, com algumas exceções.

Lusa

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