Um gesto de boa
vontade. É assim que os dirigentes sindicais explicam a decisão de
suspender as greves dos trabalhadores portuários que deveriam
prolongar-se até 14 de Janeiro, nos portos de Lisboa, Setúbal,
Figueira da Foz e Aveiro.
A decisão de
terminar com as greves é justificada pela intenção de viabilizar o
diálogo com os parceiros do sector, como sucessivas vezes foi
sugerido pelos próprios e pelo Governo. Objectivo: tentar, em sede
da negociação dos CCT de cada porto, limitar os efeitos considerados
negativos do novo regime de trabalho portuário.
Os estivadores
não exigiram contrapartidas para terminar a greve. Mas não excluem o
regresso às paralisações, ao mesmo tempo que recusam terem chegado
ao limite da resistência.
Os sindicatos
mantêm que o novo regime do trabalho portuário é inconstitucional, e
continuam na intenção de apresentar queixa junto da OIT assim a nova
legislação seja publicada em Diário da República.
A decisão dos
sindicatos surge poucos dias depois de a Direcção da ETP de Lisboa
ter avisado para o risco de despedimentos caso as greves se
prolongassem e se degradasse mais a situação financeira da empresa,
a braços com uma quebra de cerca de 40% na facturação.
As greves dos
trabalhadores portuários iniciaram-se em Setembro e em Lisboa
levaram a uma quebra de cerca de 60% na movimentação de contentores,
em Novembro.
Por causa das
greves foram vários os armadores que deixaram de operar ou reduziram
muito a sua actividade em Lisboa e em Setúbal. Em benefício de
Leixões, de Sines e de portos estrangeiros.
Há dias, em
declarações ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS, Eduardo Pimentel,
administrador da Tertir, que controla os terminais de contentores de
Alcântara e de Santa Apolónia, avisou que os armadores não contam
com Lisboa nos seus planos para 2013. O tempo dirá se a decisão de
hoje dos estivadores ainda irá a tempo de reverter a situação.
A Frente Comum
dos sindicatos portuários prometeu para esta tarde um comunicado
sobre o fim das greves, mas até à hora do fecho o texto não foi
difundido. Infrutíferas foram também as tentativas para chegar à
fala com Vítor Dias, vice-presidente da Fesmarpor.
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