14 de setembro de 2012

Vítor Dias do Sindicato dos Estivadores


Vítor Dias não poupou nas críticas aos signatários do acordo, em particular ao Governo e aos sindicatos e “pseudo-sindicatos”, a que não reconhece representatividade. E garantiu que, ao invés de desmobilizarem, os sindicatos que convocaram as greves para durarem entre os próximos dias 17 e 24, estarão disponíveis para promover novas paragens.

T&N – Como comenta o anunciado acordo assinado entre o Governo, os sindicatos e os operadores portuários?

Vítor Dias - Apenas faço um comentário. Trabalhadores portuários? A que trabalhadores portuários se refere? Aos que recebem alem do salário mais de 3000 € de gratificação mensal??!!!
Só considero dignos de comentar os actos praticados por gente digna e íntegra. Charlatães, vendilhões e gente sem escrúpulos, que não olha a meios para tentar atingir os fins, não merecem o meu comentário.

T&N - Que importância atribuem à sua assinatura?

Vítor Dias - Nenhuma. O Governo poderia muito bem aprovar a proposta de revisão do regime jurídico em Conselho de Ministros e enviar para a AR sem este folclore todo. Não dialogou até à data com quem representa 80% dos trabalhadores portuários, afinal, os destinatários da lei. Como se irá verificar, o Governo continua com o problema em mãos.

T&N - Que comentários ao teor do acordo, tal como anunciado?

Vítor Dias - Digo-lhe que a apreciação ao draft entregue pela tutela mereceu na altura por parte dos sindicatos da Frente Comum Sindical 40 páginas de propostas e comentários. O teor é o mesmo, e o comentário é o mesmo. Mais à frente todos terão conhecimento do documento.

T&N - Qual é a representatividade dos outorgantes, face ao universo dos trabalhadores portuários nacionais?

Vítor Dias - Se se refere aos sindicatos e pseudo-sindicatos que subscreveram o acordo, quase nula. O de maior dimensão (cerca de 90 trabalhadores), representa o quê e quem?
Outros, os da Região Autónoma da Madeira, um tem dois associados no activo e o outro três. Quem paga as quotas dos sócios reformados é o Sr. Sousa. Poderão ser considerados sindicatos? Outro tem 20 trabalhadores num porto em que existem 230 trabalhadores portuários.
Outros, os da Região Autónoma dos Açores têm igualmente uma expressão reduzida.
Todos juntos, só representam 20% do universo dos trabalhadores portuários nacionais.

T&N - Face ao acordo, mantêm as paralisações previstas? Este acordo irá retirar-lhes força?

Vítor Dias - Claro, não só as mantemos como vamos efectuar outras. Depois de auscultar os trabalhadores e os sindicatos da Frente Comum, a constatação é que existe uma firmeza, uma predisposição e uma força e unidade que se reforçaram com o acto do Governo.


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