9 de setembro de 2012

“Rins Portuários” ( opinião? )

Como sucede um pouco em todo o mundo, historicamente os principais portos portugueses desenvolveram-se junto às duas principais cidades, Lisboa e Porto, beneficiando da proximidade da população e dos tradicionais centros de produção e comercialização.
Também como sucede um pouco em todo o mundo, a limitação de espaço junto às cidades que cresceram, as exigências de espaços e fundos dos terminais modernos e das atividades conexas e a crescente apetência das populações por uma maior ligação às suas zonas ribeirinhas, no turismo e no lazer, tem levado à deslocalização dos terminais portuários para fora dos estuários ou para outros portos fora das cidades.
Sines, Setúbal e Aveiro desenvolveram recentemente deste modo. Se Sines pode ser considerado um caso à parte, pois ficou principalmente com funções deslocalizadas do porto de Lisboa que não carecem de localização junto aos grandes centros populacionais, como os produtos energéticos e o transhipment de contentores, já Aveiro e Setúbal são importantes nós (órgãos) de proximidade que fazem parte do sistema logístico de mercadorias da região Norte/Centro Norte no primeiro caso, e da região de Lisboa/Centro Sul/Sul no segundo, onde poderão ter uma papel crescente.


Leixões com Aveiro e Lisboa com Setúbal, quase se podem comparar aos pares de rins que integram um importante sistema logístico do nosso corpo, embora com funções de entrada e saída no caso dos portos.

Aveiro é ainda um porto pequeno em volume de carga, mas com enorme potencial de terminais, áreas e acessos disponíveis, onde se impunha alguma coordenação estratégica, de investimentos e concessões, com Leixões a 60 km, para aproveitar ao máximo esse potencial, aproveitando assim os grandes investimentos em boa hora realizados e previstos.

Setúbal é já hoje um porto com maior dimensão, complexidade de cargas e rentabilidade, mas também ainda com enorme potencial de terminais, áreas e acessos disponíveis, impondo-se igualmente o seu aproveitamento e alguma coordenação estratégica com Lisboa a 40 km.

Se o rim direito tem limitações, deve ser repensado com o rim esquerdo em mente, independentemente do que se decidir para a gestão do dia-a-dia conjunta ou autónoma, cada uma com as suas vantagens e desvantagens, como é natural.

Apesar da transferência de algumas funções portuárias estar mais desenvolvida no caso do par de “rins portuários” Setúbal e Lisboa, e Setúbal ser já maior, mais complexo e rentável, nos dois casos podem existir complementaridades e estratégias conjuntas e meios comuns.

No caso de Setúbal e Lisboa, já interagem carregadores, linhas marítimas e concessionários e no caso de Aveiro e Leixões, deviam também passar a interagir para aproveitar devidamente o potencial dos investimentos feitos e previstos.

Olhando a realidade com independência e visão, os casos destes pares de “rins portuários” são muito semelhantes embora se encontrem em estágios de evolução diferentes.
cargo

2 comentários:

reinaldo disse...

que ria saber se ai em lisboua existe ogmo,

EstivadoresAveiro disse...

"Ainda" não existe OGMO aqui em Portugal, mas pelo que vou vendo, por ai o "ogmo" , não está fácil.

Abraço
O.Miguel08