APDL e TCL
continuam a negociar as condições que viabilizem a expansão do
terminal de contentores Sul de Leixões. Entretanto o tempo passa, o
movimento aumento e a qualidade do serviço corre o perigo de
deteriorar-se.
Ainda não foi no
primeiro trimestre deste ano, como previsto pelo presidente da APDL,
que a administração portuária e a concessionária do terminal de
contentores de Leixões chegaram a acordo sobre o modo como fazer, e
financiar, a expansão do terminal. Ambas as partes concordam na
necessidade de fazer a obra, mas as dificuldades mantêm-se quando se
trata de decidir quem paga o quê e como.
“Estamos a
desenvolver o modelo financeiro do investimento”, referiu Lopo
Feijó, administrador da TCL, ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS. “Esperemos
que ainda este ano fique decidido o que iremos fazer”, acrescentou.
O problema é que o
investimento é vultuoso. E a expansão do terminal Sul implica o
reforço do parque de contentores (infra-estrutura, em princípio
responsabilidade da concedente) e o reforço dos equipamentos de
movimentação das cargas (super-estrutura, à partida da conta da
concessionária). Mas ambos não estão previstos no actual contrato de
concessão.
Do lado da TCL
haverá disponibilidade de princípio para investir, mas com
contrapartidas. Que podem passar pela prorrogação do prazo de
concessão (actualmente de 30 anos), ou pela redução das rendas a
pagar. “Dizem que as concessões não podem ir além de 30 anos. Mas
estarão o Estado – e a APDL -, para mais nas condições difíceis
actuais, em condições de reduzir as rendas, inclusive receberem
rendas negativas?”, alerta Lopo Feijó.
Entretanto o
movimento de contentores em Leixões continua a aumentar: 8% nos
primeiros quatro meses do ano, para a casa dos 180 mil TEU, apesar
da estagnação verificada em Abril. No ano passado, a TCL processou
mais de 514 mil TEU, um recorde e um sucesso que ameaça o bom
desempenho do terminal.
“As boas práticas
determinam que os terminais de contentores devem ter uma folga de
15%-20% entre a capacidade teórica e os volumes movimentados –
lembra Lopo Feijó -. No caso do TCL, com uma capacidade de 600 mil
TEU/ano, já com o recurso ao Multiusos, já estamos no limite dessa
folga”.
O plano de
negócios da concessão, iniciada em meados de 2000, já previa que se
chegasse a esta situação. Mas apenas em 2017. Caso para dizer que o
TCL arriscar-se-á tornar-se vítima do seu próprio sucesso? Facto é
que o problema está a colocar-se quando ainda faltam cumprir
praticamente dois terços do tempo da concessão.
“A partir daqui a
qualidade de serviço pode deteriorar-se. E com isso não é a TCL, nem
é o Porto de Leixões quem perde; é a região que servimos, são as
empresas que estão a alavancar as exportações de que o País tanto
precisa”, reforça Lopo Feijó.
Enquanto não se
resolve o problema da retaguarda do terminal, a concessionária
continua a investir no reforço da capacidade na frente de cais. O
terceiro pórtico panamax do terminal Sul está a ser instalado e
deverá ficar operacional “em Julho/Agosto”. O investimento, de mais
de oito milhões de euros (incluindo também um pórtico de parque já
em operação), permitirá aumentar em 20% a produtividade no cais, uma
vez que tornará possível operar em simultâneo dois navios com dois
pórticos.
Recorde-se, por
último, que o Plano Estratégico de Transportes apresentado pelo
Governo contempla a criação de um novo terminal de contentores em
Leixões.
Fonte: transportes e negocios
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