13 de maio de 2012

Expansão do terminal de contentores de Leixões num impasse

APDL e TCL continuam a negociar as condições que viabilizem a expansão do terminal de contentores Sul de Leixões. Entretanto o tempo passa, o movimento aumento e a qualidade do serviço corre o perigo de deteriorar-se.
Ainda não foi no primeiro trimestre deste ano, como previsto pelo presidente da APDL, que a administração portuária e a concessionária do terminal de contentores de Leixões chegaram a acordo sobre o modo como fazer, e financiar, a expansão do terminal. Ambas as partes concordam na necessidade de fazer a obra, mas as dificuldades mantêm-se quando se trata de decidir quem paga o quê e como.
“Estamos a desenvolver o modelo financeiro do investimento”, referiu Lopo Feijó, administrador da TCL, ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS. “Esperemos que ainda este ano fique decidido o que iremos fazer”, acrescentou.
O problema é que o investimento é vultuoso. E a expansão do terminal Sul implica o reforço do parque de contentores (infra-estrutura, em princípio responsabilidade da concedente) e o reforço dos equipamentos de movimentação das cargas (super-estrutura, à partida da conta da concessionária). Mas ambos não estão previstos no actual contrato de concessão.
Do lado da TCL haverá disponibilidade de princípio para investir, mas com contrapartidas. Que podem passar pela prorrogação do prazo de concessão (actualmente de 30 anos), ou pela redução das rendas a pagar. “Dizem que as concessões não podem ir além de 30 anos. Mas estarão o Estado – e a APDL -, para mais nas condições difíceis actuais, em condições de reduzir as rendas, inclusive receberem rendas negativas?”, alerta Lopo Feijó.
Entretanto o movimento de contentores em Leixões continua a aumentar: 8% nos primeiros quatro meses do ano, para a casa dos 180 mil TEU, apesar da estagnação verificada em Abril. No ano passado, a TCL processou mais de 514 mil TEU, um recorde e um sucesso que ameaça o bom desempenho do terminal.

“As boas práticas determinam que os terminais de contentores devem ter uma folga de 15%-20% entre a capacidade teórica e os volumes movimentados – lembra Lopo Feijó -. No caso do TCL, com uma capacidade de 600 mil TEU/ano, já com o recurso ao Multiusos, já estamos no limite dessa folga”.
O plano de negócios da concessão, iniciada em meados de 2000, já previa que se chegasse a esta situação. Mas apenas em 2017. Caso para dizer que o TCL arriscar-se-á tornar-se vítima do seu próprio sucesso? Facto é que o problema está a colocar-se quando ainda faltam cumprir praticamente dois terços do tempo da concessão.
“A partir daqui a qualidade de serviço pode deteriorar-se. E com isso não é a TCL, nem é o Porto de Leixões quem perde; é a região que servimos, são as empresas que estão a alavancar as exportações de que o País tanto precisa”, reforça Lopo Feijó.
Enquanto não se resolve o problema da retaguarda do terminal, a concessionária continua a investir no reforço da capacidade na frente de cais. O terceiro pórtico panamax do terminal Sul está a ser instalado e deverá ficar operacional “em Julho/Agosto”. O investimento, de mais de oito milhões de euros (incluindo também um pórtico de parque já em operação), permitirá aumentar em 20% a produtividade no cais, uma vez que tornará possível operar em simultâneo dois navios com dois pórticos.
Recorde-se, por último, que o Plano Estratégico de Transportes apresentado pelo Governo contempla a criação de um novo terminal de contentores em Leixões.

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