O projecto para ligar o porto de Aveiro à Europa,
através de duas linhas marítimas regulares, em que os camiões embarcam com as
mercadorias que distribuem no destino, depois do desembarque, foi esta
segunda-feira apresentado aos empresários.
O conceito é
denominado 'ro-ro' e o objectivo da União Europeia, ao financiar o projecto, é
retirar o elevado número de pesados de mercadorias que circulam nas estradas da
Europa, dando primazia ao transporte marítimo entre portos europeus.O estudo
prévio, ao abrigo do programa europeu Proposse, foi apresentado durante uma
sessão organizada em parceria pela Administração do Porto de Aveiro (APA) e a
Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA), e compreende o transporte
marítimo de curta distância, através de duas linhas de periodicidade bissemanal.A
linha A, está concebida para ligar Aveiro aos portos de Gijón (Espanha) e Le
Havre (França), com retorno a Aveiro.
A linha B, estabelece a ligação entre os portos de Cork (Irlanda), Poole
(Reino Unido), Gijón e Aveiro, com retorno a Cork, escalando Gijón.
Para o porto de Aveiro, as duas linhas podem significar um acréscimo de
cargas movimentadas, rentabilizando o investimento feito, enquanto para a AIDA
o projecto interessa se permitir às empresas exportadoras da região reduzir
custos e aumentar a competitividade.
A definição das duas linhas entrou com vários factores em linha de
conta, nomeadamente a caracterização dos tráfegos de origem e destino das
mercadorias, o tempo a percorrer e os custos comparativos.
De acordo com o estudo, segundo Gregório Nieves, da consultora IDOM, a
ligação Aveiro/Le Havre, com escala em Gijón (linha A), é feita por via
rodoviária a uma média de 48,21 horas, com um custo estimado de 1.810 euros,
enquanto a solução apontada por via marítima aponta para 29,50 horas de Aveiro
ao porto de Gijón, mais 39,39 horas até Le Havre, mas com um custo de 1.162
euros.
Em relação à linha B, enquanto pelo transporte rodoviário, de Aveiro ao
porto de Cork o custo é de 2.648,41 euros e demora 82,64 horas, por via
marítima o custo é de 1.359,21 euros e a viagem é feita em 71,36 horas.
Durante o período de debate foi notório que a proposta é vista com
reservas por parte dos empresários, alguns dos quais já possuem centros de
distribuição na Europa e em zonas diferentes dos portos que se pretendem
interligar, e ficaram patentes interesses difíceis de conciliar, nomeadamente
das transportadoras.
Elizabete Rita, secretária geral da AIDA, disse à Agência Lusa que as
questões levantadas durante o debate caracterizam dificuldades em alterar
práticas.
"O nosso objectivo é tentar perceber como é que podemos reduzir os
custos de transporte. Há várias situações e é preciso perceber se realmente é
mais barato colocar a carga através de transporte marítimo, utilizando estas
soluções, ou continuar com o transporte terrestre. Todas as mudanças geram
questões e é difícil mudar para outros sistemas. Nós acreditamos que é possível
que venha a reduzir os custos e o estudo que fizemos aponta nesse
sentido", disse.
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