Apesar do silêncio do ministro da Economia, a Comunidade Portuária de
Leixões quer acreditar que o novo terminal de contentores a -14 metros
será uma das apostas do Governo. “Nem me passa pela cabeça outra coisa”,
disse ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o presidente da CPDL, Vieira dos
Santos.
A Comunidade Portuária de Leixões escreveu a
Pires de Lima no final de Outubro, alertando-o para a urgência em
decidir a construção do novo terminal de contentores, capaz de receber
navios de até 300 metros de comprimento e até 5 000 TEU de capacidade. A
justificá-lo, lembrava-se a anunciada aliança P3 e o efeito de
“cascata” que ela implicará, ameaçando os portos mais pequenos.
A
missiva não obteve qualquer resposta, mas Vieira dos Santos espera que,
também neste caso, o silêncio seja de ouro e que algo esteja a mexer.
Até porque, entretanto, esta semana já, a Aliança G6 decidiu seguir os
passos da parceria Maersk Line-MSC-CMA CGM.
Fechado o
dossier da privatização dos CTT – “que naturalmente absorveu o
secretário de Estado” – e a poucos dias do final do ano, e do prazo para
o Grupo de Trabalho para as Infra-Estruturas Estratégicas de Valor
Acrescentado (GTIEVAS) apresentar as suas conclusões, o presidente da
Comunidade Portuária de Leixões diz que agora será o tempo de decidir a
construção do terminal de contentores a -14 metros.
“Estão
em causa as regiões Norte e Centro, o eixo industrial entre
Braga/Guimarães e Aveiro/Águeda”, sublinhou, lembrando os “16,6 milhões
de toneladas de carga movimentados no ano passado”, ou os “mais de 400
mil contentores movimentados com 180 países”. Sem esquecer, reforçou, a
crescente penetração a “Norte até à Galiza, a Sul até Setúbal e a Leste
até Castela Leão”.
O novo terminal de contentores de
Leixões está previsto no Plano Estratégico de Transportes. Resultará da
transformação do (ainda) novo Terminal Multiusos e da área hoje ocupada
pelo porto de pesca (que se manterá). O investimento previsto ronda os
300 milhões de euros. O prazo para a conclusão será de cinco anos.
O
projecto esteve para ser apresentado publicamente em Maio passado, mas o
acto foi adiado com a justificação de que Sérgio Monteiro da Silva
fazia questão de estar presente e não tinha disponibilidade de agenda.
Sobre
o tempo entretanto decorrido, o presidente da Comunidade Portuária de
Leixões concedeu que “o secretário de Estado pode ter usado de
prudência, depois de ter encarregue um Grupo de Trabalho de se
pronunciar sobre as prioridades de investimentos em infra-estruturas”. O
GTIEVAS foi criado em Setembro.
O novo terminal a -14
metros deverá ser uma das escolhas. “Nem me passa pela cabeça outra
coisa”, diz Vieira dos Santos. Mas haverá que decidir e começar a
trabalhar já, para aproveitar a “folga” temporal que existirá até que os
efeitos das novas mega-alianças se notem nos portos mais pequenos.
“Primeiro, terão de garantir as necessárias autorizações, depois deverão
tratar dos terminais deep sea, e só mais tarde afectarão os portos mais
pequenos”, alerta.
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