28 de agosto de 2012

Sindicatos europeus decidem em setembro boicote aos portos portugueses ( Brasil )

A greve dos trabalhadores portuários teve adesão de quase 100% e contou com a solidariedade do International Dockworkers Council (sindicato mundial de estivadores), de sindicatos de trabalhadores franceses, espanhóis e gregos. Os trabalhadores portuários lutam contra a revisão do regime jurídico, que pode deixar sem trabalho cerca de metade dos trabalhadores.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Dias, vice-presidente da Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários (Fesmarpor), fez um balanço muito positivo da paralisação de 24 horas, que acabou às 8h desta quarta feira. Vítor Dias afirmou ter informações de que apenas “quatro trabalhadores num porto e um noutro não fizeram greve”. “Num universo de 700 trabalhadores, é muito pouco. É praticamente 100%”, salientou.
No plenário de trabalhadores dos portos portugueses, estiveram presentes, segundo Vítor Dias, representantes do International Dockworkers Council (sindicato mundial de estivadores) e de sindicatos de trabalhadores franceses e espanhóis. O dirigente da Fesmarpor referiu à Lusa também as “paragens simbólicas, pontuais” em portos suecos e dinamarqueses, bem como as demonstrações de “solidariedade” de congéneres brasileiros e argentinos. E sublinhou que “os trabalhadores portuários e marítimos portugueses e internacionais estão cada vez mais unidos na defesa dos princípios do trabalho portuário com dignidade, contra a precarização e liberalização deste setor de atividade”.
Durante a greve, delegações sindicais espanholas e francesas estiveram em Sines para demonstrar, “de viva voz, toda a sua solidariedade com a luta dos trabalhadores portuários e marítimos portugueses”, refere Vítor Dias. Os sindicatos dos trabalhadores portuários e marítimos europeus poderão decidir um “boicote” a navios cuja origem ou destino seja Portugal numa reunião marcada para 12 de setembro.

Os estivadores gregos também escreveram uma carta ao ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, criticando as alterações na legislação do trabalho portuário que o Governo português quer aprovar. Segundo o “Negócios”, os estivadores gregos manifestam a mesma “preocupação” do que os estivadores espanhóis e a mesma ameaça de estender a todos os portos europeus a greve dos estivadores portugueses. “Um conflito social desta natureza nos portos, neste momento, será fatal para a recuperação da economia europeia”, avisam.
Os trabalhadores do porto de Pireus, o maior da Grécia, entendem que “este não é mais um problema de um só país, mas um problema que diz respeito à Europa”. Os estivadores gregos consideram também que o governo português está a criar condições para que “outros governos europeus, com o pretexto da atual crise, imponham a mesma política de liberalização sobre a atividade portuária”. O dirigente da Fesmarpor garante “equacionar todo o tipo de lutas” e evidencia que as próximas ações incluem a greve, por tempo indeterminado, ao trabalho suplementar, no porto de Sines, a partir de dia 28 de agosto.
A greve dos trabalhadores portuários visou contestar a revisão do regime jurídico do trabalho portuário. Vítor Dias explicou à Lusa que, atualmente, os trabalhadores portuários executam todo o tipo de tarefas até ao momento em que a carga embarca no navio. Com a reforma, o Governo quer que os trabalhadores portuários façam apenas o trabalho a bordo. “O que o Governo pretende é deixar sem ocupação cerca de 50 por cento dos trabalhadores portuários e ir buscar trabalhadores sem qualquer tipo de qualificação” para desempenhar as restantes tarefas, frisa o dirigente sindical.

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