Dizem que em Atenas os motociclistas circulam sem capacetes, sem que os polícias atuem; “Não vamos pagar”, parece ser o slogan mais comum entre os cidadãos gregos. Para além de não quererem pagar impostos, até dizem que o pagamento de portagens é inconstitucional, alimentam uma economia paralela imensa! Alunos e professores boicotam a abertura do novo ano escolar. Os jovens gregos entre os 18 e 24 anos estão a zarpar para fora do seu país…
Por estas razões, que apontam para uma aparente anarquia do povo grego, estou certo, pelo que tenho lido, que até Outubro, não haverá o prometido cheque da ajuda internacional. Se o FMI e o BCE aliado às superiores instâncias da CE, deixarem cair, como tudo indica, a economia e as instituições financeiras daquele país, vem aí o maior tsunami para as economias da chamada zona periférica da Europa.
Com os olhos postos na situação política da Grécia, vamos dizendo “Amem” àqueles que dizem: “Nós não somos a Grécia”. Também queremos ter a sensação que o perigo está longe e vamos aceitando as medidas de austeridade que advêem do memorando que nos legou a Troika concluído o acordo com os dirigentes que têm governado este nosso país, e outras medidas acrescentadas pelo Governo de Passos Coelho. Já criaram o imposto extraordinário, já anunciaram o aumento nos transportes públicos, no gás e na electricidade e para breve o aumento da taxa do IVA em produtos que consumimos.
Diziam os guias (de percursos pedestres) angolanos, respondendo às nossas inquietações pela distância e pelo tempo para chegarmos a qualquer destino: “É longe, mas é perto, menino”. E para longe colocamos os problemas políticos e sociais da Grécia, da Itália e da Espanha, porque aguarrás no cú dos outros é refresco no nosso… mas temos mesmo que atender que a situação provocada pelo endividamento desmesurado efectuado por diversos governos irresponsáveis, provocará situações dramáticas que a todos nos vão atingir.
As notícias diárias sobre a política provocam azia e menosprezo. Vamos ouvindo sempre a mesma treta do mesmo rosário político. Parece que está em causa a unidade e a competência dos líderes dos diversos órgãos da CE (que é quem nos governa), pois já não conseguem ou não querem tomar medidas para a coesão e para a estabilidade económica da chamada zona euro; ao invés, predomina o egoísmo dos mais fortes. Não é risonho o futuro dos países cujas economias já se encontram estigmatizadas pelos empréstimos da ajuda pedida. A médio prazo a economia portuguesa não terá condições para manter a sua independência e saldar as contas da ajuda externa que estamos a receber e a negociar, devido à implementação destas novas e conhecidas regras.
E o prenúncio da desgraça não fica por aqui: As medidas e a política que farão parte da Proposta de Orçamento de Estado para 2012, e que deverá ser entregue na Assembleia da República até 15 de Outubro, trarão novidades e mais austeridade; serão anunciadas alterações legais, como por exemplo a fixação da nova TSU (taxa social única) e outras medidas do Ministério das Finanças que produzirão mais dificuldades e sacrifícios para aos portugueses. Termino estas reflexões parafraseando o nosso poeta António Aleixo: “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que às vezes fico pensando, se a burrice não será uma ciência.”
Na minha próxima crónica falarei da poupança e dos novos costumes que esta crise está a provocar que são, em contrapartida, mais saudáveis e que nos apontam para novos paradigmas que iremos certamente criar e ajudar a erguer.
CS do 44+100.
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