2 de março de 2011

Vida de estivador

Quem não se lembra do tempo em que o porto de Aveiro parecia uma marina de recreio, em que um grande numero de barcos fazia a espera já dentro da bacia do porto? No tempo em que era impossível ir embora às 17 horas, pois eram uns atrás dos outros, como se costuma dizer. E tinha que ser, pois agentes, apa, armadores, empresas de estiva, etc…todos a pressionar para que o navio trabalha-se. E quem sempre ficava a trabalhar fossem que horas fossem? Pois, as mesmas caras do costume, e muitas vezes ainda acusados de não fazer o suficiente para despachar mais rápido a operação. Tempos de muito trabalho, em que sempre cumprimos a nossa parte, independentemente do juízo que fizeram sobre nós. E agora? De quem é a culpa? Nossa? Estou curioso sobre quem vão cair as culpas desta vez. O mais certo é serem os mesmos a pagar a factura., os  que praticaram a rotatividade e a polivalência um sem número de anos, e agora praticamente não são respeitados.
Como todos nós sabemos, nós os trabalhadores portuários, somos um activo  organizado da empresa ETP aqui no porto de Aveiro. Mas não é só da nossa organização que depende o nosso êxito, pois como aconteceu aqui por Aveiro, apesar de muitas das vezes sermos organizados e produtivos, não valeu de muito, pois mesmo assim temos ordenados em atraso logo no inicio do ano. Ainda não sei se, esta (crise), instalada aqui no porto, serve apenas para nos fazer aceitar como um mal necessário, algumas regalias que nos vão tirando com o passar do tempo. Esta estratégia de gradação vai sendo aceite por nós e nem damos conta disso. É um sistema que tem conseguido que alguém nos vá conhecendo melhor que nós mesmos. E, está a acontecer de um modo lento que nos escapa à consciência e não desperta nenhuma oposição, estamos a sofrer uma lenta mudança e estamos a ficar habituados a ela. Posso estar enganado mas acho que estamos a ser preparados psicologicamente para aceitar algumas condições que nos vão impor. Por estas situações todas, as pessoas não se sentem valorizadas. E daí, muitas vezes as coisas não correrem como esperado. Aqui não se assumiu a responsabilidade pelo fracasso. Para que tudo isto, volte a funcionar é preciso que a ETP, reformule estratégias a pensar no futuro e assim poder adaptar-se ao mercado de trabalho existente no porto. Se nada for feito a empresa não vai conseguir reduzir os seus custos internos e estamos a adiar um problema que já existe e é grave. Não nos podemos deixar envolver neste clima de hostilidade, pois assim quem saí a perder somos nós. Em todas as empresas tenta-se criar um clima de trabalho agradável, e, nesta parece-me que existe interesse, para que o pessoal ande um para cada lado. E, nós mesmos é que temos de melhorar a nossa convivência para estarmos mais unidos. 

Cumprimentos a todos 
08

4 comentários:

Anónimo disse...

um comentario ao 08... simplesmente divinal a forma como expôs a situação... abraço e força.

Herculano disse...

Concordo em absoluto que este excelente comentário do 08. Voltarei mais tarde. Força malta!

Estivador25 disse...

Muitas coisas estão mal, ainda não há muito tempo colegas nossos foram afastados do sector simplesmente porque não estavam disponíveis 24 horas para trabalhar para estes Srs.
Agora, os que ficaram, estão disponíveis 24 horas 30 dias por mês durante todo o ano para trabalharem dois ou três períodos de oito horas, nem chegam a ganhar metade do ordenado mínimo a empresa não tem nenhum encargo com eles pois assinam um contrato todos os dias e são despedidos no mesmo dia e mesmo assim chegam ao fim do mês e não recebem. Muitos pensarão: não seria justo pagar a uns e a outros não, eu digo justo é pagar a toda a gente mas sejam humanos e não vejam as pessoas como números.
Tenham vergonha.

Anónimo disse...

Nem mais.