Os empresários de portuários vão pedir ao
Governo que acabe com a legislação especial dos estivadores, disse o
presidente da ACL/CCIP, Bruno Bobone, numa altura em que a greve no
Porto de Lisboa se manterá até 21 de outubro.
"As empresas portuárias não têm qualquer medo e vão resolver o problema
de uma vez por todas. Vamos pedir ao Governo para acabar com a
legislação especial dos estivadores", disse à agência Lusa o presidente
da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (ACL/CCIP).
Bruno Bobone comentava, nestes termos, a carta aberta do coordenador do
Internacional Dockworker Council (IDC), Antony Tetard, ao Governo
português em que este ameaçava com ações que podem ter impacto sobre a
"frágil economia" portuguesa, caso não seja alcançado um acordo com os
estivadores portugueses.
"Queremos informar-vos que, se tal não for o caso, todos os membros do
IDC - que estão reunidos em assembleia desde quarta-feira até hoje, no
Chipre - vão decidir sobre ações específicas", escreve Antony Tetard na
carta a que a Lusa teve acesso.
A carta diz que serão tomadas ações que "irão seguramente" ter impacto
sobre os lucros dos empresários portuários e sobre a frágil e sensível
economia portuguesa, a menos que "o Governo desempenhe o seu papel ao
reforçar os direitos dos estivadores portugueses e termine com os
ataques inaceitáveis contra as regras de trabalho portuário e a
essencial dignidade da profissão dos estivadores".
A greve dos estivadores do Porto de Lisboa iniciou-se em meados de junho
deste ano, terminando hoje o período de quatro semanas em que os
estivadores fizeram duas horas de paragem, tendo já sido entregue mais
um pré-aviso que vigorárá até 21 de outubro.
Esta greve "não terá hora de paragem, mas que especifica que se forem
violados os direitos consagrados no contrato colectivo de trabalho dos
estivadores isso acontecerá", disse à Lusa fonte sindical.
Em declarações à Lusa, Bruno Bobone considerou o conteúdo da carta de
"ameaça ridícula", questionando: "Como é que a Europa aceitaria
prejudicar a economia portuguesa numa altura destas, tão complicada?".
Além disso, realçou que, com esta carta "proibiu o Governo de voltar
atrás. É o pior que podiam ter feito às empresas portuguesas",
salientou.
A reunião internacional da IDC foi dedicada este ano à "luta laboral dos
estivadores portugueses" e nela participa António Mariano, dirigente do
Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes
Marítimos do Centro e Sul de Portugal.
"As ações em concreto, só vão ser decididas hoje, mas cada uma das
delegações foi consultada sobre possíveis ações de apoio e de
solidariedade em cada porto", disse à Lusa Susana Buscket, da
organização da assembleia que termina no Chipre.
Em todo o caso, as moções sobre as ações de apoio aos estivadores
portugueses só vão ser discutidas e votadas hoje", disse à Lusa Susana
Buscket, da organização da assembleia que se iniciou na quarta-feira no
Chipre.
Contactado o Sindicato dos Estivadores pela Lusa nada foi adiantado, por
enquanto, sobre as conclusões e as ações da reunião no Chipre.
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