A Aveiport, empresa do Grupo ETE, não concorda com a
entrada em vigor, no passado dia 1 de setembro, das “Normas para a Utilização
dos Terminais de Cargas Secas do Porto de Aveiro”. Estas normas, implementadas
pela APA – Administração do Porto de Aveiro, preveem uma atualização das taxas
unitárias a cobrar pelo uso das infraestruturas portuárias e exercício da
atividade nos terminais de cargas secas, e, que apenas são aplicaveis às
empresas de estiva. O
documento refere que, para a carga geral fracionada, granéis sólidos ou
contentores, em navios de carga geral, será aplicada uma taxa de 0,12€/tonelada
de carga movimentada, à qual acresce uma outra taxa no valor de 0,51€/tonelada
(num total de 0,63€/tonelada), sempre que sejam utilizados pelas empresas de
estiva equipamentos de movimentação vertical (gruas) públicos ou privados
(ainda que do próprio navio).
Em declarações à Transportes em Revista, fonte da
Aveiport revelou que,«depois de o Governo ter anunciado o fim da TUP Carga
para todas as cargas no início de 2014 e o congelamento dos tarifários dos
portos para este ano, a preços de 2013, agora, a 1 de setembro, e com a
aprovação da Tutela, a APA impõe um novo regulamento que, não só repõe uma TUP
Carga para toda a carga seca de 0,12€/tonelada, mas com outro nome, e ainda
inventa outra de 0,51€/tonelada para a utilização de gruas privadas e públicas
(que são propriedade da APA). Ou seja, em menos de um ano, uma TUP Carga de
0,11€/tonelada é substituída por uma taxa de movimentação de 0,63€/tonelada».
Segundo a mesma fonte, o que muda «é o nome e os destinatários das faturas.
Deixam de ser os carregadores [ndr: a quem era aplicada a TUP Carga] e passam a
ser as empresas de estiva. Mas, na verdade, a fatura do Porto de Aveiro
aumentou 0,63€/tonelada de um dia para o outro». A Aveiport contesta também o
timing da decisão, uma vez que retira «a possibilidade das empresas de estiva,
que são prestadoras de serviços, de repercutir esses aumentos nos contratos
anuais que têm com os seus clientes carregadores».
Contactado pela Transportes em Revista, o presidente
da APA, José Luís Cacho, revela «não compreender a posição da Aveiport» e
salienta que esta decisão surge na sequência de um trabalho realizado por um
“grupo de acompanhamento” que envolveu toda a Comunidade Portuária e que «foi
aceite por todos, exceto pela Aveiport». Este grupo de trabalho tinha
como objetivo discutir a implementação de um novo modelo de operação portuária
com o objetivo de incrementar a concorrência entre as empresas de estiva
licenciadas através da melhoria de produtividade e eficiência dos meios de
movimentação de cargas utilizadas. Segundo José Luís Cacho, «esta taxa
já existia e era aplicada do seguinte modo: para a utilização dos equipamentos
privados (gruas), as empresas de estiva pagavam uma taxa de 1,17€/tonelada e
para os equipamentos públicos pagavam uma taxa de 0,40€/tonelada. O que nós
fizemos foi uma harmonização de preços, baixando o preço de utilização dos
equipamentos privados com o objetivo de promover essa mesma utilização. Por
outro lado, os equipamentos públicos estão obsoletos e é nosso objetivo que as
empresas de estiva tenham condições para investir nos seus próprios
equipamentos».
O presidente do porto de Aveiro reiterou que «isto
não é uma taxa nova, até porque nunca nos poderíamos sobrepor ao Regulador», salientando
que os outros dois operadores portuários, neste caso a Socarpor e a Perez
Torres, concordaram com esta medida. Cacho refutou também as críticas sobre o
timing da decisão: «fizemos três reuniões e na última dissemos que as
normas iriam entrar em vigor a partir de 1 de setembro. Todas as entidades que
faziam parte do grupo de trabalho, incluindo as três empresas de estiva, tinham
conhecimento desta medida e da data em que iria entrar em vigor».
Ao que a Transportes em Revista conseguiu apurar, esta decisão da APA, que decorreu das conclusões retiradas no âmbito do grupo de trabalho, surgiu devido ao forte impacto que a eliminação da TUP Carga tem vindo a ter nas receitas da administração portuária, impedindo a APA de realizar investimentos considerados cruciais para o desenvolvimento do porto, nomeadamente ao nível das dragagens.
Ao que a Transportes em Revista conseguiu apurar, esta decisão da APA, que decorreu das conclusões retiradas no âmbito do grupo de trabalho, surgiu devido ao forte impacto que a eliminação da TUP Carga tem vindo a ter nas receitas da administração portuária, impedindo a APA de realizar investimentos considerados cruciais para o desenvolvimento do porto, nomeadamente ao nível das dragagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário