18 de novembro de 2012

CONFESSO QUE NÃO SEI POR QUE LUTAM !

Volvidas inúmeras semanas do despoletar do vosso conflito, assinado que foi um acordo, de seguida transposto para proposta de lei aprovada em 20 de Setembro, e depois de tanto ouvir, ler e reler, dialogar com alguns ex-colegas e muito ter refletido, tenho de humildemente, e de forma pública, confessar que não sei por que lutam! Ignorância minha, dirão alguns! Não excluo. Está fora e quem foi, foi, como referiu o meu amigo Santos! É verdade, quem foi, foi. Fantasmas do passado, atiram outros! Cada um é suficientemente livre para pensar no que entender e manifestar a sua opinião. Eu respeito, podendo não concordar.
Manifesto-me, acossado face à crescente inquietude que sinto perante o desenvolvimento e o prolongar no tempo, de uma luta, que, em minha opinião, acarretará no curto e médio prazos em fortes prejuízos para os trabalhadores portuários, seja já qual for o desfecho do conflito. Alguns dos prejuízos não se mostram já passíveis de anular, permanecerão em fase embrionária e, no tempo adequado, virão à luz. O futuro dos trabalhadores portuários, classe que, admito, foi no passado e continua no presente a ser indevidamente responsabilizada, mesmo acusada, de estar na base da inoperacionalidade relativa dos portos portugueses, está a ser hipotecado por forma bastante assertiva, por cada dia que a luta prossegue. Importava, em lugar do prosseguir dessa luta, desmontar aquela injusta acusação que impende desde há longa data sobre os trabalhadores portuários. A mesma tem-se fortalecido no seio da opinião pública e dos utentes dos portos, e para a sua sedimentação, inadvertidamente, creio, continuam os trabalhadores a contribuir.
Se existem estrangulamentos ou constrangimentos nos portos, e alguns existirão, todos os intervenientes a nível de cada um dos mesmos, devem disponibilizar-se a estabelecer um compromisso: sentarem-se à mesa, proceder à identificação de cada um desses constrangimentos, a sua causa ou origem, qual o grau de inoperacionalidade induzido e, finalmente dar contributos para o seu saneamento. Direi ainda, que, este procedimento deveria ocorrer periodicamente e concluir no estabelecimento de um órgão específico, outorgado da qualidade de parceiro social do porto respetivo.
Para a concretização daquele desiderato, deveriam os Sindicatos exigir a formalização do mencionado compromisso e correspetivo desenvolvimento, manifestar a sua disponibilidade imediata para o efeito e pôr termo ao conflito, aceitando como ponto de partida para uma possível concertação mais abrangente, as propostas que lhes terão sido dirigidas.
Continuar a alimentar e a prosseguir com o conflito, agravando os seus pesados efeitos e na esperança de que uma qualquer importante manifestação, ou um conjunto de distintas almas piedosas, possa “travar” a aprovação da proposta de lei, é fé a mais para os tempos que correm. 
Fernando da Conceição Gomes
16 de Novembro de 2012

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