11 de junho de 2011

O vapor “ S. Vicente “ 1916-1916 e 1920-1927 (Transportes Marítimos do Estado)

O “Wurzburg” era um navio de carga alemão, da companhia N.D.L. (Norddeutcher Lloyd), de Bremen, utilizado regularmente na ligação entre portos europeus e portos na América do Sul. Aquando do início das hostilidades relacionadas com a Iª Grande Guerra Mundial, ao vapor foram dadas instruções para voltar à Alemanha, ou alternativamente, na impossibilidade de conseguir o regresso, deveria procurar refúgio em porto seguro de país neutro. Em função da proximidade das ilhas de Cabo Verde, a opção foi recorrer à protecção no porto de São Vicente, onde amarrou a 14 de Agosto de 1914.
Por força de decreto-lei o governo Português, fortemente influenciado pelo governo Britânico, decidiu-se pela requisição dos navios alemães espalhados pelos portos nacionais, no continente, ilhas e colónias, para aumento da parca tonelagem existente no país e simultaneamente para colaborarem no esforço de guerra. Em resultado dessa decisão, o “Wurzburg” foi capturado pelas autoridades nacionais, em Março de 1916, navegando para Lisboa, onde foi rebaptizado com o nome “S. Vicente”, passando desde então a integrar a frota governamental, sob administração dos T.M.E. (Transportes Marítimos do Estado), empresa pública recém criada para esse efeito.
Face à considerável quantidade de navios apreendidos, o “S. Vicente” seguiu para a Inglaterra com contrato de fretamento à companhia Furness, Withy, que por sua vez o cedeu ao governo Francês, que dele dispôs durante os anos da guerra, em viagens no Mediterrâneo, até proceder à sua devolução no decorrer de 1920. De novo em poder dos T.M.E. foi posicionado no trafego transatlântico, com saídas regulares para Nova Iorque, com escala no porto de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, transportando passageiros e mercadoria.
Anúncio do "S. Vicente" na carreira do Brasil
Jornal "O Comércio do Porto", de 7 de Setembro de 1922


E praticamente em paralelo, por decisão dos T.M.E., ao navio foi-lhe atribuído um serviço regular para o Brasil, fazendo escalas nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, para onde transportava todo o tipo de mercadorias, dispondo ainda de camarotes para passageiros. A oferta contemplava acomodações para passageiros em 3 classes económicas, em resultado do fluxo migratório do pós-guerra. Nas viagens de regresso à Europa, era rentabilizado o retorno com os porões carregados com café. Isto até ao governo considerar que era impossível contabilizar os continuados prejuízos da empresa, que há muito se encontrava em colapso financeiro, sendo acordada a venda do navio à Companhia Colonial de Navegação, em 1927, para quem navegou com o nome “Loanda”, até à ordem de venda para demolição, que teve lugar em Itália, numa última viagem para Génova, onde chegou a 26 de Agosto de 1938.

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