"É preciso um estudo muito mais elaborado para
perceber a origem das partículas que se depositaram nas casas". A
afirmação é de Carlos Borrego.
A Administração do Porto de Aveiro (APA) pediu um
estudo "mais exigente" ao Instituto do Ambiente e Desenvolvimento
(IDAD) para avaliar com exactidão a qualidade do ar na Gafanha da Nazaré.
Carlos Borrego, director do Instituto, Professor
Catedrático e ex-Ministro do Ambiente, em entrevista à Terra Nova, recordou um
primeiro estudo feito, "pouco conclusivo". Agora vão, com exactidão,
definir o tipo de materiais que tem invadido moradias e espaços públicos na
Gafanha da Nazaré, provocando o descontentamento na população. "Tem de se
fazer um trabalho mais demorado e analisar mais 'pontos de amostragem'. Os
trabalhos "começaram na semana passada", revelou.
"Está a ser feito um trabalho de medição. No
final teremos condições para saber o contributo do Petcoke para a situação que
desagrada às pessoas", sublinhando que "verificaremos posteriormente
se se podem tomar medidas na área portuária para evitar que isso
aconteça", disse.
Carlos Borrego afirma até que a fonte de poluição pode
não ser o Porto de Aveiro. Assegura que não há motivos para alarme mas sim para
preocupação. "Vamos esperar para ver o que conseguimos medir. Vimos, de
facto, que há casas onde há problemas com as partículas. Não conseguimos dizer
se aquilo é Petcoke ou não. A preocupação continua a existir mesmo que
cheguemos à conclusão que aquilo tem origem nos veículos automóveis. As
partículas estão lá, essa é a verdade", vincou. "A questão é
concluir, com verdade, se é o Porto ou o tráfego na Gafanha que causa o
problema. Logo veremos. Quando chegarmos ao fim veremos os resultados do
estudo", referiu.
Para Carlos Borrego a localização de algumas moradias
"é um problema", adiantando que "o nosso ordenamento do
território é extraordinariamente pouco convincente na medida em que as pessoas
constroem casas onde acham que devem, sem cuidar do que está à sua volta. É
preciso perceber que casas é que tem problemas, são aquelas que estão mais
encostadas à zona portuária, portanto, será uma questão de ver a data de
construção do Porto e das casas", desafiou.
A população queixa-se dos depósitos de Petcoke que em
dia de nortada, alegadamente, se espalha pela comunidade gafanhense.
Carlos Borrego revela ainda que se se justificasse, e
em casos extremos, o manuseamento de alguns produtos poderia ser proibido no
Porto. "Não seria a primeira vez que fizemos isso", adiantando que
"a tendência dos investigadores é serem muito rigorosos. Se houver uma
evidência, é suficiente para sugerir a proibição, agora se a APA, neste caso,
interrompe a actividade, é outra questão".
A entrevista a Carlos Borrego pode ser ouvida na Terra
Nova esta quarta-feira, às 19h00, no programa 'Conversas'.
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