A greve dos trabalhadores portuários teve adesão de quase 100% e
contou com a solidariedade do International Dockworkers Council
(sindicato mundial de estivadores), de sindicatos de trabalhadores
franceses, espanhóis e gregos. Os trabalhadores portuários lutam contra a
revisão do regime jurídico, que pode deixar sem trabalho cerca de
metade dos trabalhadores.
Em declarações à agência Lusa, Vítor Dias, vice-presidente da
Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários (Fesmarpor), fez um
balanço muito positivo da paralisação de 24 horas, que acabou às 8h
desta quarta feira. Vítor Dias afirmou ter informações de que apenas
“quatro trabalhadores num porto e um noutro não fizeram greve”. “Num
universo de 700 trabalhadores, é muito pouco. É praticamente 100%”,
salientou.
No plenário de trabalhadores dos portos portugueses, estiveram
presentes, segundo Vítor Dias, representantes do International
Dockworkers Council (sindicato mundial de estivadores) e de sindicatos
de trabalhadores franceses e espanhóis. O dirigente da Fesmarpor referiu
à Lusa também as “paragens simbólicas, pontuais” em portos suecos e
dinamarqueses, bem como as demonstrações de “solidariedade” de
congéneres brasileiros e argentinos. E sublinhou que “os trabalhadores
portuários e marítimos portugueses e internacionais estão cada vez mais
unidos na defesa dos princípios do trabalho portuário com dignidade,
contra a precarização e liberalização deste setor de atividade”.
Durante a greve, delegações sindicais espanholas e francesas
estiveram em Sines para demonstrar, “de viva voz, toda a sua
solidariedade com a luta dos trabalhadores portuários e marítimos
portugueses”, refere Vítor Dias. Os sindicatos dos trabalhadores
portuários e marítimos europeus poderão decidir um “boicote” a navios
cuja origem ou destino seja Portugal numa reunião marcada para 12 de
setembro.
Os estivadores gregos também escreveram uma carta ao ministro da
Economia, Álvaro Santos Pereira, criticando as alterações na legislação
do trabalho portuário que o Governo português quer aprovar. Segundo o
“Negócios”, os estivadores gregos manifestam a mesma “preocupação” do
que os estivadores espanhóis e a mesma ameaça de estender a todos os
portos europeus a greve dos estivadores portugueses. “Um conflito social
desta natureza nos portos, neste momento, será fatal para a recuperação
da economia europeia”, avisam.
Os trabalhadores do porto de Pireus, o maior da Grécia, entendem que
“este não é mais um problema de um só país, mas um problema que diz
respeito à Europa”. Os estivadores gregos consideram também que o
governo português está a criar condições para que “outros governos
europeus, com o pretexto da atual crise, imponham a mesma política de
liberalização sobre a atividade portuária”. O dirigente da Fesmarpor
garante “equacionar todo o tipo de lutas” e evidencia que as próximas
ações incluem a greve, por tempo indeterminado, ao trabalho suplementar,
no porto de Sines, a partir de dia 28 de agosto.
A greve dos trabalhadores portuários visou contestar a revisão do
regime jurídico do trabalho portuário. Vítor Dias explicou à Lusa que,
atualmente, os trabalhadores portuários executam todo o tipo de tarefas
até ao momento em que a carga embarca no navio. Com a reforma, o Governo
quer que os trabalhadores portuários façam apenas o trabalho a bordo.
“O que o Governo pretende é deixar sem ocupação cerca de 50 por cento
dos trabalhadores portuários e ir buscar trabalhadores sem qualquer tipo
de qualificação” para desempenhar as restantes tarefas, frisa o
dirigente sindical.
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