SÃO PAULO, 30 Jul (Reuters) - Os problemas operacionais
registrados no últimos meses nos portos brasileiros durante o escoamento
de uma safra de grãos recorde devem se repetir na próxima temporada,
uma vez que investimentos em infraestrutura deverão ser sentidos apenas
no médio prazo, afirmou nesta terça-feira a associação que reúne as
principais empresas do setor de soja no país.
Os portos de Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR) e São
Francisco do Sul (SC), por onde o Brasil escoa a maior parte de sua
safra agrícola, estão operando no limite da sua capacidade, disse a
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), em um
boletim.
"Os portos estão trabalhando com a capacidade máxima e
precisam, de forma urgente, resolver os seus gargalos internos", disse o
gerente de economia da entidade, Daniel Furlan Amaral, na nota.
Os principais problemas dentro dos portos são a falta de
dragagem regular, o que impede a passagem de navios mais carregados, e a
demora causada por equipes insuficientes de inspeção fitossanitárias,
disse a Abiove.
Outra dificuldade são as rodovias e ferrovias de acesso aos terminais, complementou.
"O país ficou muitos anos sem investimentos adequados e levará
algum tempo até que os atuais planos governamentais produzam os
resultados esperados", disse o gerente.
Em junho o governo aprovou no Congresso e sancionou uma nova
Lei dos Portos, que pretende destravar investimentos no setor e elevar a
capacidade de movimentação de cargas no país. A primeira iniciativa
concreta foi abrir uma consulta pública sobre 50 novos terminais
privados, onde são esperados investimento de 11 bilhões de reais.
A Abiove cita o porto de Santos, apesar de seus problemas, como o mais competitivo do Brasil para a operação de grãos.
"Santos construiu instalações e condições de acesso por
rodovias e ferrovias, apesar desses acessos ainda estarem longe do
ideal. Assim, mesmo estando distante das regiões produtoras, acaba sendo
o porto escolhido, pois no norte do país não há infraestrutura nessas
condições", disse Amaral.
Em maio, no auge do escoamento da mais recente safra de grãos, o
presidente do Conselho da Abiove, Manoel Pereira, disse que empresas do
setor podem ter tido margens de lucro perto de zero ou negativas neste
ano, afetadas por elevados custos de logística.
(Por Gustavo Bonato)br.reuters
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