17 de abril de 2011

Efeito reabilitador

Todos nós gostamos de comunicar aos outros as nossas conquistas ou as nossas capacidades para múltiplos desafios. Poderá ser uma forma de consolidarmos conhecimentos esta tendência para expressarmos aos outros as nossas aprendizagens e experiências.
Nesta oportunidade que me oferecem os nossos amigos administradores do Blogue Estivadores de Aveiro, quero tão somente partilhar convosco algumas ideias deste nosso espaço comum. Sempre fui um desalinhado do individualismo humano. No meu percurso pessoal e profissional não me faltaram oportunidades de abraçar outras formas de pensar e sentir mais relacionadas com a cultura do colectivo. Aproveitei algumas; cresci com diversas. Valorizei-me com todas as experiências que a vida me proporcionou.
E tantas foram as oportunidades, uma vezes vividas com felicidade, outras vezes não, mesmo os momentos que foram atribulados de medo e inquietação trouxeram mais uma lição de vida.
A juventude reforça o nosso encorajamento, repelindo os medos, até mesmo aqueles que apresentam sinais de perigo. Atravessei décadas e fronteiras que me moldaram ao sofrimento e às vicissitudes, mas encontrando sempre novos faróis de orientação.
A vida é um jogo de oportunidades e na “machamba da vida” – como diz o escritor José Rodrigues dos Santos, no seu livro Anjo Branco, é preciso alguma força física, mental e espiritual para nos mantermos inteiros. E eu acrescento que na contenda da vida é mais feliz quem consigo conta e com pouco se contenta.
Passamos a vida a gostarmos pouco do muito que temos, mas, melhor seria gostarmos muito do que temos de essencial (a capacidade de amar, de acreditar nos outros, de viver realisticamente o dia-a-dia, de nos sacrificarmos em prol de causas nobres, etc.)  e havemos de ter sempre esse essencial  com o qual seremos capazes de sobreviver a grandes  crises e intempéries.
Que a nossa vida seja um processo de renovadas aprendizagens pela aceitação das mais inesperadas mudanças, ou de um futuro incerto e de inoportuna crise, mas com esperança e permanente coragem e confiança em nós mesmos.
O balanço de todas as experiências – mesmo que a maior parte delas não corresponda às nossas expectativas – pode traduzir-se num efeito reabilitador. Como disse Fernando Pessoa,

“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena”.

44 mais+Cem




1 comentário:

EstivadoresAveiro disse...

Amigo Herculano,
Bons raciocínios que apresentas na crónica.
Sempre disponíveis a apresentar textos assim.
Obrigado pela colaboração.
Abraço
Orlando Miguel08