27 de maio de 2013

Governo quer Aveiro nos portos prioritários europeus

Sines, Leixões e Lisboa estão entre os 319 portos que a Comissão Europeia propõe modernizar no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio 2014-2020. O Governo quer integrar também Aveiro. O TRANSPORTES & NEGÓCIOS apresenta as oito acções propostas por Bruxelas.
A iniciativa comunitária apresentada pelo comissário Siim Kallas “propõe procedimentos mais abertos e transparentes para a selecção dos prestadores de serviços portuários e regras para prevenir a fixação de preços abusivos pelos prestadores com direitos exclusivos”.
Para colocar o cliente no centro da actividade portuária, é proposta a criação de comités consultivos dos utentes portuários. “As modalidades concretas dependerão das circunstâncias locais, para que se possa promover em cada comunidade portuária uma melhor coordenação e um clima empresarial mais saudável”, é dito no comunicado emitido a propósito por Bruxelas.
Ainda antes do Verão a Comissão apresentará “propostas destinadas a reduzir a burocracia e as formalidades administrativas nos portos (no âmbito da iniciativa «Cintura Azul»)”.
E já em Junho será instituído “um comité de diálogo social para o sector portuário, no âmbito do qual trabalhadores e empregadores poderão discutir e chegar a acordo em matérias do trabalho portuário. A Comissão prestará assistência técnica e administrativa aos trabalhos do comité e avaliará em 2016 os progressos efectuados”.

Ou seja, Bruxelas abandona – em definitivo? – a ideia de mexer unilateralmente na legislação do trabalho portuário, remetendo as mudanças, que continua a considerar fundamentais, para a concertação social.
No que respeita a investimentos, a Comissão Europeia propõe melhorar as ligações dos portos ao hinterland. “Os financiamentos da UE ao abrigo do Mecanismo Interligar a Europa
recentrar-se-ão nos projectos portuários identificados como prioridade para financiamento nos planos dos corredores da RTE-T, bem como nas ligações dos portos às redes ferroviária, fluvial e rodoviária”, avança o Executivo de Bruxelas.
Por outro lado, a proposta agora apresentada “reforça a liberdade dos portos na tarifação da utilização da infraestrutura e a transparência da determinação das taxas e do uso dado aos
financiamentos públicos”. E justifica: “são de facto as próprias autoridades portuárias que
estão em melhor posição para identificar as necessidades dos utentes e determinar as taxas a cobrar. Essa maior transparência irá também possibilitar a atribuição de fundos públicos sem distorções indevidas da concorrência e atrair investimento privado”.
A iniciativa da Comissão compreende oito acções:
“Acção 1
Utilizar as futuras estruturas de corredor previstas nas novas orientações para a RTE-T a fim de identificar investimentos prioritários no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa para promover a ligação dos portos às redes ferroviária, fluvial e rodoviária e incentivar os portos a fornecerem dados sobre os fluxos de tráfego que permitam uma melhor organização da logística intermodal.
“Acção 2
Reforçar a ligação à RTE-T dos projectos no sector dos transportes financiados pelos fundos estruturais e de coesão, dando prioridade aos relacionados com o acesso portuário e as ligações dos portos ao interior. No âmbito das outras fontes de financiamento da UE, como os empréstimos concedidos pelo BEI ou outros instrumentos, assegurar-se-á a mesma coerência de investimento.
“Acção 3
Verificar a correcta aplicação da futura directiva relativa à adjudicação de concessões e contratos públicos no sector portuário. No caso dos contratos que esta não abranja, verificar a correcta aplicação dos princípios da igualdade de tratamento e da transparência consagrados no Tratado, tal como interpretados pelo Tribunal de Justiça.
“Acção 4
Apoiar a simplificação administrativa nos portos, dando efeito prático aos esforços desenvolvidos no âmbito das iniciativas:
«Cintura azul», para simplificação dos procedimentos aduaneiros nos portos;
Utilização harmonizada e coerente dos balcões únicos nacionais;
«e-Maritime» (utilização de dados eletrónicos para reduzir a carga administrativa e conduzir as relações comerciais);
«e-Freight», que visa facilitar a troca de informações nas cadeias logísticas multimodais e contribuirá para melhorar a eficiência dos portos enquanto plataformas multimodais importantes.
“Acção 5
Aclarar a aplicabilidade das regras da UE relativas aos auxílios estatais no sector portuário. A Comissão procede actualmente à modernização das regras aplicáveis aos auxílios estatais em todos os sectores de actividade económica e irá, até finais de 2013, aclarar a noção de auxílio no âmbito do financiamento de infraestruturas, à luz, em particular, da evolução da jurisprudência do Tribunal de Justiça.
“Acção 6
Debater a adaptação do sector com os parceiros sociais no quadro do diálogo social europeu: os parceiros sociais ao nível da UE já acordaram num regulamento interno e num programa de trabalho comum aberto, devendo o comité ser oficialmente instituído em 19 de Junho de 2013. A Comissão prestará assistência aos trabalhos do comité e avaliará em 2016 os progressos efectuados.
“Acção 7
Promover a inovação, monitorizar o desempenho e analisar e discutir as necessidades em recursos humanos e as questões da higiene e segurança e da formação e qualificações profissionais nos portos da UE. Antes do final de 2013, a Comissão lançará dois projectos à escala da UE, no âmbito do 7.º Programa-Quadro de IDT, que se debruçarão sobre estas questões.
“Acção 8
Apoiar a aplicação mais coerente de uma estrutura de taxas de utilização da infraestrutura portuária diferenciadas em função do desempenho ambiental. Até 2015, a Comissão irá propor os princípios da tarifação ambiental e promover o intercâmbio de boas práticas.”
A proposta agora apresentada terá ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelos estados-membros antes de ganhar força de lei. 

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