O Estado tem que
ser facilitador [da economia do mar]. À sociedade civil cabe empreender
as ações que transformem o mar em riqueza para o país. Este foi o
denominador comum das intervenções que se ouviram esta quinta-feira na
conferência “O mar como desígnio nacional”.
Realizada pela Escola Superior Náutica D. Henrique (ENIDH), a conferência reuniu um lote de oradores de reconhecidos méritos: Pitta e Cunha (consultor do Presidente da República para os assuntos da ciência, do ambiente e do mar), Ana Paula Vitorino (deputada da Assembleia da República e ex-secretária de Estado dos Transportes), Ribeiro e Castro (deputado da Assembleia da República), Carlos Vasconcelos (presidente da MSC Portugal), enquadrados pelos ‘institucionais’ Pinto de Abreu (Secretário de Estado do Mar) e Abel Amorim (presidente da ENIDH).
Tiago Pitta e Cunha iniciou a intervenção colocando ‘o dedo na ferida’: “O mar foi, durante décadas, um não assunto em Portugal, e agora temos que fazer um pouco de terapia de grupo”. Aquilo preocupa o consultor do P.R. “como português é que esta crise nacional vem pelo menos desde o ano 2000; não crescemos desde essa altura, é uma crise sistémica”. A solução é, diz o investigador, “abandonar o modelo de desenvolvimento que tem sido seguido. O mar deve ser parte da nova equação de mudança do nosso modelo económico”.
Realizada pela Escola Superior Náutica D. Henrique (ENIDH), a conferência reuniu um lote de oradores de reconhecidos méritos: Pitta e Cunha (consultor do Presidente da República para os assuntos da ciência, do ambiente e do mar), Ana Paula Vitorino (deputada da Assembleia da República e ex-secretária de Estado dos Transportes), Ribeiro e Castro (deputado da Assembleia da República), Carlos Vasconcelos (presidente da MSC Portugal), enquadrados pelos ‘institucionais’ Pinto de Abreu (Secretário de Estado do Mar) e Abel Amorim (presidente da ENIDH).
Tiago Pitta e Cunha iniciou a intervenção colocando ‘o dedo na ferida’: “O mar foi, durante décadas, um não assunto em Portugal, e agora temos que fazer um pouco de terapia de grupo”. Aquilo preocupa o consultor do P.R. “como português é que esta crise nacional vem pelo menos desde o ano 2000; não crescemos desde essa altura, é uma crise sistémica”. A solução é, diz o investigador, “abandonar o modelo de desenvolvimento que tem sido seguido. O mar deve ser parte da nova equação de mudança do nosso modelo económico”.
Pitta e Cunha continuou no mesmo tom: “Nos últimos 30 ou 40 anos
abandonámos os transportes marítimos, foi um erro que não conseguimos
corrigir, e pelo qual iremos pagar assim que Bruxelas começar a
penalizar o transporte rodoviário, o que sucederá num futuro próximo.
Por essa razão estamos a perder a indústria da construção e reparação
naval, e quando precisarmos de novos navios terão que ser outros a
fazê-los para nós”. Concluiu Pitta e Cunha: “Temos um país a duas
velocidades – uma delas é a imprimida pela indústria, que está
desenvolvida; a outra, em que se inclui o mar, não tem o mesmo grau de
desenvolvimento.
Ana Paula Vitorino, que sucedeu no púlpito, considerou que o mar encerra
três fatores diferenciadores: o turismo, as pescas e os transportes.
Centrando-se nos transportes, invocou os consagrados Theo Notteboom (que
recentemente esteve em Portugal na conferência SSS 2012, organizad pela
CARGO e Ana Casaca) e Michael Porter, para justificar a afirmação de
que a expressão “cluster do mar” caiu em desuso. A justificação tem a
sua lógica: “O cluster do mar é o núcleo central ligado ao mar, mas tudo
à volta não é necessariamente ligado ao mar. Veja-se o caso de Viana do
Castelo, um porto que passou a ser sustentável devido à instalação, na
sua área de influência, de uma indústria de eólicas”.
Destaque ainda para a intervenção de Carlos Vasconcelos, diretor da MSC
Portugal, ao considerar que “o mar é de facto um desígnio nacional, o
país devia cuidar deste recurso natural que tem à disposição”.
Vasconcelos não concorda que se diga que os portos do País são caros
(“não é por aí que estamos mal”) e que a culpa é da mão de obra
portuária. Defendeu o regime de trabalho do porto de Sines e, mais
recente, o de Leixões (“conseguiu-se uma solução justa também para os
trabalhadores, convocando-os para esta luta de redução de custos e
preços que tornem as nossas empresas mais competitivas”) admitindo que
apenas em Lisboa há “alguma gordura”.
Depois de considerar que a tão badalada ‘holding dos portos’ “será um
erro crasso, um retrocesso” se chamar a si as políticas de investimento e
a política de incentivos à captação de cargas, Vasconcelos defendeu a
aposta no transhipment, por um lado, e na conquista de uma fatia do
consumo de Madrid, por outro. Quanto esta última, apontou o dedo à
ineficiência do traçado atual do caminho de ferro, que obriga a uma
marjoração da quilometragem em cerca de 280 km, por não haver ligação
direta dos três grandes portos do sul (Lisboa, Setúbal e Sines) à
fronteira do Caia.
A este propósito o diretor da MSC Portugal revelou que já por duas vezes
apresentou à tutela uma proposta em que a Refer cobraria apenas a
quilometragem de 200 km (a distância em linha reta até à fronteira), o
que tornaria os portos portugueses facilmente competitivos em relação ao
serviço a Madrid, e seria uma forma de tornar menos gravosa a tarifa de
uso do canal que a Refer aplica, que é o triplo da aplicada pela ADIF, a
correspondente espanhola da Refer.
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