2 de julho de 2014

PETCOKE NA GAFANHA: 'NÃO HÁ MOTIVOS PARA ALARME MAS SIM PARA PREOCUPAÇÃO' - CARLOS BORREGO.

"É preciso um estudo muito mais elaborado para perceber a origem das partículas que se depositaram nas casas". A afirmação é de Carlos Borrego.
A Administração do Porto de Aveiro (APA) pediu um estudo "mais exigente" ao Instituto do Ambiente e Desenvolvimento (IDAD) para avaliar com exactidão a qualidade do ar na Gafanha da Nazaré.
Carlos Borrego, director do Instituto, Professor Catedrático e ex-Ministro do Ambiente, em entrevista à Terra Nova, recordou um primeiro estudo feito, "pouco conclusivo". Agora vão, com exactidão, definir o tipo de materiais que tem invadido moradias e espaços públicos na Gafanha da Nazaré, provocando o descontentamento na população. "Tem de se fazer um trabalho mais demorado e analisar mais 'pontos de amostragem'. Os trabalhos "começaram na semana passada", revelou.
"Está a ser feito um trabalho de medição. No final teremos condições para saber o contributo do Petcoke para a situação que desagrada às pessoas", sublinhando que "verificaremos posteriormente se se podem tomar medidas na área portuária para evitar que isso aconteça", disse.
A APA quer rigor no estudo que se está a realizar.
Carlos Borrego afirma até que a fonte de poluição pode não ser o Porto de Aveiro. Assegura que não há motivos para alarme mas sim para preocupação. "Vamos esperar para ver o que conseguimos medir. Vimos, de facto, que há casas onde há problemas com as partículas. Não conseguimos dizer se aquilo é Petcoke ou não. A preocupação continua a existir mesmo que cheguemos à conclusão que aquilo tem origem nos veículos automóveis. As partículas estão lá, essa é a verdade", vincou. "A questão é concluir, com verdade, se é o Porto ou o tráfego na Gafanha que causa o problema. Logo veremos. Quando chegarmos ao fim veremos os resultados do estudo", referiu.
Para Carlos Borrego a localização de algumas moradias "é um problema", adiantando que "o nosso ordenamento do território é extraordinariamente pouco convincente na medida em que as pessoas constroem casas onde acham que devem, sem cuidar do que está à sua volta. É preciso perceber que casas é que tem problemas, são aquelas que estão mais encostadas à zona portuária, portanto, será uma questão de ver a data de construção do Porto e das casas", desafiou.
A população queixa-se dos depósitos de Petcoke que em dia de nortada, alegadamente, se espalha pela comunidade gafanhense.
Carlos Borrego revela ainda que se se justificasse, e em casos extremos, o manuseamento de alguns produtos poderia ser proibido no Porto. "Não seria a primeira vez que fizemos isso", adiantando que "a tendência dos investigadores é serem muito rigorosos. Se houver uma evidência, é suficiente para sugerir a proibição, agora se a APA, neste caso, interrompe a actividade, é outra questão".
A entrevista a Carlos Borrego pode ser ouvida na Terra Nova esta quarta-feira, às 19h00, no programa 'Conversas'.

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