7 de dezembro de 2013

Comunidade Portuária de Leixões (des)espera pelo novo terminal de contentores

Apesar do silêncio do ministro da Economia, a Comunidade Portuária de Leixões quer acreditar que o novo terminal de contentores a -14 metros será uma das apostas do Governo. “Nem me passa pela cabeça outra coisa”, disse ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o presidente da CPDL, Vieira dos Santos.
A Comunidade Portuária de Leixões escreveu a Pires de Lima no final de Outubro, alertando-o para a urgência em decidir a construção do novo terminal de contentores, capaz de receber navios de até 300 metros de comprimento e até 5 000 TEU de capacidade. A justificá-lo, lembrava-se a anunciada aliança P3 e o efeito de “cascata” que ela implicará, ameaçando os portos mais pequenos.
A missiva não obteve qualquer resposta, mas Vieira dos Santos espera que, também neste caso, o silêncio seja de ouro e que algo esteja a mexer. Até porque, entretanto, esta semana já, a Aliança G6 decidiu seguir os passos da parceria Maersk Line-MSC-CMA CGM.
Fechado o dossier da privatização dos CTT – “que naturalmente absorveu o secretário de Estado” – e a poucos dias do final do ano, e do prazo para o Grupo de Trabalho para as Infra-Estruturas Estratégicas de Valor Acrescentado (GTIEVAS) apresentar as suas conclusões, o presidente da Comunidade Portuária de Leixões diz que agora será o tempo de decidir a construção do terminal de contentores a -14 metros.

“Estão em causa as regiões Norte e Centro, o eixo industrial entre Braga/Guimarães e Aveiro/Águeda”, sublinhou, lembrando os “16,6 milhões de toneladas de carga movimentados no ano passado”, ou os “mais de 400 mil contentores movimentados com 180 países”. Sem esquecer, reforçou, a crescente penetração a “Norte até à Galiza, a Sul até Setúbal e a Leste até Castela Leão”.
O novo terminal de contentores de Leixões está previsto no Plano Estratégico de Transportes. Resultará da transformação do (ainda) novo Terminal Multiusos e da área hoje ocupada pelo porto de pesca (que se manterá). O investimento previsto ronda os 300 milhões de euros. O prazo para a conclusão será de cinco anos.
O projecto esteve para ser apresentado publicamente em Maio passado, mas o acto foi adiado com a justificação de que Sérgio Monteiro da Silva fazia questão de estar presente e não tinha disponibilidade de agenda.
Sobre o tempo entretanto decorrido, o presidente da Comunidade Portuária de Leixões concedeu que “o secretário de Estado pode ter usado de prudência, depois de ter encarregue um Grupo de Trabalho de se pronunciar sobre as prioridades de investimentos em infra-estruturas”. O GTIEVAS foi criado em Setembro.
O novo terminal a -14 metros deverá ser uma das escolhas. “Nem me passa pela cabeça outra coisa”, diz Vieira dos Santos. Mas haverá que decidir e começar a trabalhar já, para aproveitar a “folga” temporal que existirá até que os efeitos das novas mega-alianças se notem nos portos mais pequenos. “Primeiro, terão de garantir as necessárias autorizações, depois deverão tratar dos terminais deep sea, e só mais tarde afectarão os portos mais pequenos”, alerta. 

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