O Governo
chinês não permitirá mais que navios gigantes que superem a capacidade
máxima aprovada de 300 mil t atraquem em seus portos, informou o
Ministério do Transporte do país nesta terça-feira, minando os planos da
mineradora Vale de utilizar seus megacargueiros para suprir seu
principal mercado de minério de ferro.
Os navios
que excediam a capacidade aprovada antes eram avaliados caso a caso, mas
o ministério informou em comunicado nesta terça que navios cargueiros e
petroleiros gigantes estão proibidos, medida que entra em vigor
imediatamente.
O comunicado
surge apenas um mês depois de a Vale tentar descarregar o navio Berge
Everest, carregando com 388 mil t de minério de ferro, no porto de
Dalian – rapidamente gerando protestos da influente associação de
armadores chinesa (China Shipowners Association), que tem ativamente
pedido que Pequim barre os navios gigantes da Vale.Atualmente, nenhum
porto chinês tem aprovação para receber navios com mais de 300 mil t e
os navios da Vale podem carregar até 400 mil t. Fontes da indústria
disseram que a entrada do Berge Everest no porto de Dalian provavelmente
ocorreu por uma falha burocrática, uma vez que estas permissões podiam
ser emitidas por autoridades das províncias.
Declínio
O Ministério
do Transporte chinês admitiu que sua decisão de proibir navios gigantes
também decorre em parte da crise que assola a indústria de navegação
chinesa, assim como assuntos de segurança marítima. Com a desaceleração
econômica em importantes regiões no mundo, como a Europa, a demanda por
embarcações, muitas delas construídas e operadas por companhias
chinesas, caiu, levando também os valores do frete marítimo para baixo.
A frota dos
megacargueiros da Vale, mais competitivos que outras embarcações, pelos
ganhos de escala, está ampliando sua atuação no mercado justamente neste
momento ruim do setor, alimentando o lobby contrário chinês. A China
Shipowners Association e as siderúrgicas disseram que a frota de
meganavios da Vale pode ser um “Cavalo de Troia”, que permitiria à
mineradora monopolizar os mercados de minério de ferro às custas da
China.
O
Vice-Presidente executivo da associação de armadores, Zhang Shouguo, é
ex-vice-diretor da divisão de transporte marítimo do Ministério do
Transporte. Com Pequim mantendo seus portos fechados aos Valemax, a
mineradora terá de depender do transporte mais caro feito por
embarcações que fazem o transbordo da carga em outros países na região
para abastecer o maior consumidor de minério de ferro.
Até o
momento, a Vale mantinha a posição de que a dificuldade de entrada de
seus meganavios na China ocorria principalmente pela falta de adaptação
dos portos do país, evitando reconhecer uma motivação política
relacionada à crise dos armadores chineses. Consultada nesta terça-feira
sobre a decisão do governo chinês, a área de comunicação da Vale
informou que não comentaria imediatamente o tema.Uma fonte na companhia
familiarizada com a situação disse que a Vale ainda buscava uma
confirmação diretamente com o governo chinês da proibição dos
meganavios. Afirmou também que caso a proibição se mantenha, a
alternativa será utilizar países como Filipinas e a Malásia para atracar
as embarcações, e repassar o minério a navios menores, que seguiriam
para a China.
O projeto da
Malásia, chamado de Taluk Rubiah, ainda está em desenvolvimento e tem
previsão para operar em 2014. É um centro de distribuição com capacidade
de movimentar 60 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. Ele foi
concebido para atender Japão e Austrália, inicialmente, mas segundo a
fonte da empresa, “poderia perfeitamente atender à China”.
Fonte: portalmaritimo
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