5 de janeiro de 2012

E as propostas que os trabalhadores fizeram??

Leixões poderá ser o único porto em atividade na próxima semana.
 Os principais portos nacionais iniciarão uma semana de greve geral a partir da próxima segunda-feira, numa ação que ameaça ter consequências bastante sérias para a economia nacional. De entre as principais infraestruturas portuárias portuguesas, o único que para já garante atividade nesse período é o porto de Leixões.
Empresas de estiva da ETP Aveiro apontam o dedo ao sindicato
Na origem desta greve está o pedido de insolvência da Empresa de Trabalho Portuário (ETP) de Aveiro com os restantes portos a aderirem à paralisação por uma questão de solidariedade entre o setor. Em comunicado, as empresas de estiva constituintes da ETP Aveiro voltaram a mostrar-se corrosivas em relação ao sindicato, divulgando resultados comerciais preocupantes relativos aos últimos anos do porto de Aveiro e lembrando o "insustentável rácio de produtividade tonelagem/homem de apenas 33, contra 83 em Leixões ou 85 na Figueira da Foz".
No comunicado, as empresas de estiva recordam ainda o estudo económico que aconselhava a "rescisão por mútuo acordo de cerca de 18 trabalhadores", algo que a ETP tentou, sem sucesso, lamentando que o sindicato não só não tenha apresentado "qualquer solução estruturada" como ainda tentou "obter novos benefícios e o aumento do montante salarial fixo", pelo que foi "inevitável" o pedido de insolvência da ETP. "Para agravar a situação, as sucessivas Assembleias Gerais e plenários de trabalhadores, convocados em tempo normal de laboração, causaram sérios agravamentos dos custos operacionais e problemas logísticos relevantes aos clientes do porto", acrescenta o comuncado, vincando que a "irresponsabilidade do sindicato" culminou com a "declaração de greve setorial e por tempo indeterminado a 5 empresas, 4 delas 100% exportadoras, que representam mais de 20% da movimentação de cargas no porto de Aveiro".

O comunicado conclui que "será nulo o efeito imediato pretendido pelo sindicato com a nova greve" anunciada para a próxima semana, "dado que os utilizadores do porto não se apresentam mais dispostos a tolerar estas atitudes que apenas visam o perpetuar de direitos e o bem de poucos".

Vítor Dias: "Pedimos à tutela que intervenha como mediadora"

O vice-presidente da FESMARPOR, Vítor Dias, revelou à CARGO o desejo de haver, por parte das entidades oficiais, e a exemplo do sucedido recentemente com a TAP e com a Ordem dos Médicos, aqui por causa das horas extraordinárias, uma intervenção que permita sanar o conflito: “Já pedimos por três vezes para a tutela nos ouvir, e hoje mesmo (quinta-feira) a secretaria da tutela contactou-nos e aguardamos que o processo de insolvência da ETP de Aveiro – que mandará para o desemprego 61 trabalhadores - possa ser anulado para que a greve seja parada”, referiu, acrescentando que tal pode ser feito “até ao momento do início da greve”, início esse marcado para a próxima segunda-feira.

As queixas de Vítor Dias vão igualmente para o IPTM, por esta entidade não estar, alegadamente, “a cumprir a fiscalização do trabalho portuário nos portos de Viana do Castelo, Aveiro, Setúbal e Algarve”, neste último caso com a agravante de não ter um único trabalhador portuário ao seu serviço.

Belmar da Costa: "Greve trará prejuízos diretos de dezenas de milhões de euros"
A Revista CARGO também falou com Belmar da Costa, diretor-executivo da Agepor, que se mostrou “bastante preocupado” com a situação. “Estamos a falar de navios que deveriam vir aos nossos portos mas que não o poderão fazer e, como é óbvio, a nossa vida ganha-se tendo navios”.

Belmar da Costa realçou a importância do setor marítimo-portuário para a economia nacional, considerando-o como “um dos poucos setores do país que não pode mesmo parar. É um dos poucos motores da economia que continua a funcionar – está a funcionar até bastante bem – e tudo o que sirva para o prejudicar é péssimo para as exportações do país”.

Sobre as consequências, diretas e indiretas, da greve de segunda-feira, o diretor-executivo da Agepor destacou “o cancelamento das escalas dos navios nos portos” assim como as “consequências para a economia, nomeadamente no campo das exportações que só conseguirão ser feitas através de outros modos de transporte e que acabarão por sair mais caras, ao que se juntam os problemas com a importação”.

“Aqueles armadores aos quais costumamos bater à porta tentando convencê-los para vir trabalhar nos nossos portos começarão a pensar que em Portugal é complicado porque há um clima de greves. Recordo que só no porto de Lisboa houve um constante clima de greve durante o último semestre”, acrescentou Belmar da Costa.

O diretor-executivo da Agepor considerou “extraordinariamente difícil fazer a previsão do número de escalas que poderão estar em causa, até porque não sabemos quais são os portos que pararão totalmente”, antecipando “prejuízos diretos de dezenas de milhões de euros”.
Fonte: cargo

4 comentários:

EstivadoresAveiro disse...

Uma única referencia destes senhores ás propostas que os trabalhadores apresentaram e estavam dispostos a fazer???

A estiva é uma paixão.... disse...

Estimados Colegas,
Tal como em todas as empresas sustentáveis e que visam o crescimento, as propostas de melhoria e as cedências por parte dos trabalhadores perante a efectiva perda de direitos adquiridos são apresentadas enquanto ainda há esperança para a sua resolução/salvação. Julgo que estará atrasada, no minimo, 2 anos (2009??). Ou seja, a proposta que dizem não ter sido aceite, peca por tardia. Falta de timmning é um problema que levará este país á ruina.

EstivadoresAveiro disse...

Falta de timing por parte de quem?
Tardia?
Mas alguma vez a ETP de Aveiro quis fazer alguma coisa?
O que é ETP para as empresas de estiva (AVEIPORT E SOCARPOR)?
Se alguém nunca quis fazer nada,não foram os trabalhadores...Nos últimos dias do ano queriam mandar embora os tais 17 trabalhadores com 500 euros por mês e era preciso que a empresa que estes senhores gerem e que dizem que não tem nada a ver com aquilo, factura-se para lhes pagar a esses colegas que iam embora, e prós que cá ficavam...logo eles acabavam com os que iam embora e os que cá ficam??
Inteligentes este senhores...interesses privados acima de investimentos públicos??
Tem razão, falta de timing....

EstivadoresAveiro disse...

"lembrando o "insustentável rácio de produtividade tonelagem/homem de apenas 33, contra 83 em Leixões ou 85 na Figueira da Foz".

Vamos falar do rácio de 2009 para traz??
E perguntar para onde foi o dinheiro dessa "maldita" empresa que estes senhores não tem nada a ver...?